Justiça, injusta justiça...

Nesses tempos de escândalos e mais escândalos de corrupção em nosso país, em que muitos dos que reclamam dos políticos também cometem seus pequenos delitos diários, sob o argumento de "que mal faz?" ou "ninguém vai ver", fiquei a matutar sobre o porquê disso tudo. Por que um senador, um ministro, um presidente, desvia (ou permite que desviem) milhões destinados ao povo para atender a seus próprios interesses? Seriam eles tão necessitados assim? Será que não percebem a extensão do que fazem? Que 100 reais de verba pública que embolsem é uma caixa de remédio a menos que um pobre deixa de receber e que pode lhe custar a vida? Pior: será que têm consciência disso tudo e, ainda assim, sacodem os ombros e seguem em frente, pouco se importando com a consequência de seus atos?

Nem sei se acredito que haverá, de fato, punição para esses que aí estão, atravancando nosso caminho. Os que julgam, por vezes, são tão culpados quanto os que são julgados. Os que são destituídos de seus cargos são substituídos por outros igualmente podres. A "punição", em certos casos, é aposentadoria com valor integral... Queria muito entender isso, mas meus neurônios não alcançam. Devo ter algum tipo de deficiência...

Pesquisando um pouco, achei, na Wikipédia, que "o Astréa foi um periódico publicado no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, à época do Primeiro Reinado. Fruto do agitado período da crise do Primeiro Reinado, circulou entre 1826 e 1832. Apresentava linha editorial liberal. Foram seus editores os cariocas Antônio José do Amaral e José Joaquim Vieira Souto (João Clemente Vieira Souto?), este ligado particularmente aos produtores do interior (Zona da Mata e Sul de Minas Gerais). Estes últimos disputavam com os comerciantes portugueses o abastecimento da cidade do Rio de Janeiro."

Ainda segundo a Wikipédia, em outra página, temos que "Astréia ou Astrea (em grego antigo: Ἀστραῖα; donzela ou virgem das estrelas) é filha de Zeus e Temis. Tanto ela quanto sua mãe são personificações da justiça."

O que ocorre é que encontrei esse poema (pela ortografia, vê-se o quão antigo é), porém não consegui descobrir a autoria. Nem sei se foi publicado no dito periódico, mas o que me chamou a atenção foi que, já naquele tempo, nossa justiça não era lá muito justa...

A JUSTIÇA NA ATLÂNTIDA
Astréa, sob o docel,
Só tem da espada a armação,
Seus côpos de vidro são,
Sua folha é de papel,
A balança, sem fiel,
Não tem peso nem medida,
Traz uma venda cingida,
E por syllaba trocada,
Passa a Justiça vendada,
A ser Justiça vendida.

Ante os fatos, só me resta acrescentar: se nada mais espero da nossa, creio firmemente na outra e principal justiça: a de Deus. Ação e reação. Tudo o que se faz tem um preço, uma consequência. Políticos, vocês não perdem por esperar. Cada doente sem leito, cada criança sem escola, cada idoso sem abrigo, cada trabalhador sem salário, tudo lhes será cobrado um dia, ainda que a justiça dos homens os alcance. Porque Deus não dorme e vocês ainda terão que se ver com suas próprias consciências e reparar direitinho todo o mal que causaram a centenas, milhares de pessoas. Quer saber? Sinto até pena de vocês...
Rosa Pinho
Enviado por Rosa Pinho em 03/05/2017
Reeditado em 03/05/2017
Código do texto: T5988248
Classificação de conteúdo: seguro