CANSEI DE SER ADULTA!

O sol tão esperado naquele domingo nasceu radiante. Seria para confirmar o que passamos a semana inteira planejando. Nos dividimos em dois carros e partimos logo, para aproveitar o máximo aquele dia. Cantando, gritando, conversando e rindo saímos rumo ao nosso destino. O motorista tinha um "copiloto" mas isso não evitou que nos perdêssemos no caminho. Nada que a tecnologia de hoje não nos ajudasse a resolver. Andamos mais alguns minutos e lá estava: o velho mirante, que nos permitia ter uma deslumbrante visão da cascata do Bordin.

Pegamos a trilha que nos levaria até a cascata, aparentemente poucos sabem que se pode chegar bem no topo da cachoeira. Não havia mais ninguém além de nós. Água, sol, amigos e aquela correria a procura de gravetos para fogueira... Momento perfeito para voltar ao tempo de criança, quando não existiam preocupações além de fazer o dever de casa e não perder o episódio do desenho preferido... Estávamos, de verdade felizes, esquecemos por algumas horas que eramos adultos, esquecemos nossos problemas, nossas confusões e nos entregamos de fato àquele momento. Tiramos fotos que estampavam sorrisos reais e descontraídos e não daqueles que são meticulosamente produzidos para ser postado no mesmo minuto no Facebook, tão pouco me recordo de alguém com celular na mão. Quem sabe nós sejamos o que restou de uma época em que as mães imploravam para os filhos saírem do quintal e entrar em casa... uma época em que as crianças brincavam de verdade, na rua, no pátio, na chuva ou na lama. Uma época em que criança era apenas criança. Feliz era quem tinha um carrinho de rolimã!

Durante a infância lembro de me perguntar: "Por que os adultos não brincam?". Na época não sabia a resposta, e acreditava que então seria melhor ser criança para sempre... como se tivesse liberdade de fazer tal escolha.

Naturalmente a fase adulta chegou... me casei, sai da casa de meus pais e percebi que as contas não se pagam sozinhas, que existem responsabilidades e que não posso simplesmente faltar um dia no trabalho porque peguei um resfriado... quando minhas roupas começaram a sumir lembrei que precisava lavar, estender, passar e dobrar. Como minha mãe conseguia? Bom, acho que agora sei porque os adultos não brincavam!

No final daquela tarde de domingo, o sol lentamente ia se pondo enquanto ouvíamos o cantar de um pássaro que pretendia acompanhar o ritmo de uma canção que soava baixinho. Tive uma breve nostalgia que me fez reviver os divertidos momentos da infância... com o tempo esquecemos de que ainda podemos nos permitir a ser criança.