FELIZ PÁSCOA!


     Fiquei a pensar nessa correria de final de semana para comprar ovos de Páscoa.
     Essa data tão marcante na vida de todos os brasileiros e povos do mundo inteiro festejam com todo entusiasmo, o que deveria ser um momento de lembrança e reflexão, é apenas comércio de tudo que foi deixado há séculos atrás, que agora faz parte da mesa de todo brasileiro. Comemorar com muitos chocolates e gostosos peixes bem temperados com muito sabor e gosto á preferência. O tempo passa e a tradição acaba ficando mais caro a cada ano em que se passa.
     Se nós fôssemos parar para pensar, ovos de chocolates com todo requintes, enfeitados, com brinde dentro e enormes, está saindo mais caro do que um quilo de carne ou uma caixa fechada com 12 litros de leite integral.
     Entrei no supermercado para fazer aquela rotineira e cansativa compra do mês ficou espantada com tantos ovos de Páscoa de diversos tamanhos, á preços aos olhos da cara. Talvez se comprasse bacalhau ao invés de chocolates, sairia mais barato e não daria tanta “dor de cabeça” na hora de entrar na fila.
     O tumulto estava formado quando o locutor anunciava a promoção relâmpago para ovos de Páscoa. Saiu em minha direção um povo que não sei onde surgiu, que parecia um arrastão do que donas de casas que faziam compras naquele mesmo horário e local, se tivessem marcado encontro seria muita coincidência.
     Uma senhora de aproximadamente uns 55 anos talvez, com aquelas batatas enormes de suas pernas, que mais parecia jogador de futebol ou atleta de halterofilismo, partia com seus braços erguidos naquela direção em que estava não deu tempo de livrar o meu calcanhar do lado esquerdo, explodiu com toda força o carrinho em que conduzia naquele ossinho que todos conhecem, faz chorar qualquer um sem querer.
     Recebi daquela senhora uma pergunta que não queria responder naquele momento:
__ Desculpe meu filho, machuquei o senhor? (seu calcanhar)
     Os meus olhos marejados de lágrimas devido a dor que estava sentindo, quis devolver a gentileza mas não tinha voz para falar, apenas tentava balbuciar algumas sílabas, meneando a cabeça em sentido negativo.
     Ouvi cantar todos os passarinhos que você imagina; pintassilgo, curió, sabiá, uirapuru, melro etc. De tanta dor que sentia.
     Quando olhei para o promotor que fez essa proposta, parecia um formigueiro em cima de alguma guloseima.
     Enquanto mancava lentamente a direção da bancada de ovos de Páscoa, no empurra dali e daqui, tive na minha mente fértil de levar as mãos no meu tornozelo dolorido, por pouco não fui pisoteado, rabo-de-arraia, tesoura voadora, pescoção, pontapés, alguns quase disputando no braço os ovos promocionais que foram anunciados; com isso muitos quebravam com impacto daquela gente toda, que queriam a qualquer custo levar vantagens em tudo, menos os quebrados que ficaram para traz, para que outro bobalhão leve-o na próxima oportunidade.
     Pois bem a Páscoa terminou, mais ainda continuamos a comer muitos chocolates, esquecemos do acontecimento que marcou a história e a vida de um povo que foi liberto da escuridão, da opressão, dos maltratados, para celebrarem a Páscoa naquela noite: os Judeus.
     Era a libertação daquele povo. O único sinal que tinham, era a mancha de sangue nos umbrais de suas casas, pois se o anjo passasse e não visse esse sinal, aquela casa haveria morte, mas do contrário salvariam todas as suas famílias.
     Páscoa com ovos de chocolates, coelhinhos e outras gostosuras mais, é mais além do que isso; foi a libertação de um povo.
     É a comemoração que valeu a vida de muita gente.      Pensem nisso.
     Feliz Páscoa!

Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 06/04/2017
Reeditado em 23/11/2021
Código do texto: T5963396
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