TEMPOS DE INFÂNCIA


     Hoje a infância escondida deu lugar para incerteza, onde se busca a esperança, ocupam-se as preocupações da vida, e o sorriso embranquecido foi esquecido pelo passado mal vivido.
     Mal começa adolescência, desponta o homem feito a sua frente; e o espelho a figura patética da voz ainda de menino, denúncia à atitude de criança que ainda não amadureceu com o tempo.
     Os olhos perdem-se entre as figuras que mais lhe atraem, do que os versos entoados por Luís de Camões; o corpo deslumbrante de uma figura de mulher enlouquece seus pensamentos, que viajam pelas pernas torneadas subindo até a cintura, daquela que desfila com todo seu gingado, palpitando o coração, aumentando-lhe á vontade.
     É o começo do seu martírio, brota-se o desejo enlouquecido que entre poucas palavras, não sabe buscar o seu desconhecido, e a aparência dá lugar ao medo, a saudade e solidão.
     É imaginário inatingível em busca de resposta que satisfazem o seu ego, mas as lembranças são as recordações das alegrias em tristezas, e os sonhos irrealizáveis são questionáveis em seu interior.
     A busca é incessante pelo não adormecido e o irrealizável, fez lhe acreditar num fio de esperança apagada há muito anos atrás, renasce das cinzas do passado e o futuro de braços abertos o aguarda.
Marcas deixadas pelo tempo, açoitados pela consciência dia e noite não deixam dormir assim tão fácil; a insônia debruçada em sua cabeceira faz sua noite virar dia, e a ansiedade de um novo despertar torna-se pesadelo.
     O Sonho não é sonho quando não se acredita que pode ser realizado, mas qualquer tropeço pode neutralizar o passado e bloquear o nosso futuro; o mundo é um vulcão em erupção está em atividade a todo o momento.
     As poeiras do tempo embranquecem os cabelos e as fisionomias joviais, aparecem acompanhando as rugas, para anunciar a idade mais avançada e o respeito e admiração passam muito longe da pessoa idosa __ chega-se a velhice.
     O tempo não espera um acordo amigável para a geração vindoura, é silenciosa, traiçoeira, ultrapassa séculos sem risco de renovação; sem anunciar mudanças para hibernação, modifica toda estrutura terrestre sem deixar descendentes, parte para destruição de nossa semente.
     As passadas já pesadas encurvam-se, inclina sobre seu corpo, e as marcas de suas pegadas serão pelas poeiras apagadas; pois seus olhos não figuram mais a luz e a vigor dos seus braços, esvai-se; o corpo amortecido cambaleia, e a terra firme se abre a tumba fria; o espírito esvoaça na própria areia e volta-se para Deus.
Desaparece.
Morreu ali...
Morreu...
Morreu...

Celso Custódio
Enviado por Celso Custódio em 05/04/2017
Reeditado em 22/11/2021
Código do texto: T5962623
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