Hale

Escrita em forma de catarse, de sentir-se impuro dos pés à cabeça em busca de libertação. Prazer, como me sinto há cerca de uma semana e meia.

Me peguei boiando ao nível mais alto do mar mais calmo, tudo dando certo, o Sol no ângulo exato de alinhar Dionísio a Apolo a Narciso e a Hera, a lua na altitude correta de modo a selecionar minhas melhores marés a influir.

Afundei. E hoje estou à deriva junto ao desnível, Hera me fez sentir dores jamais sentidas igualadas ao arrependimento e Apolo me arranhou lentamente para que eu sentisse em níveis mais avançados e senti. Tudo dando errado numa situação absurda, e chorar não adianta porra nenhuma porque agora devo ser mulher e Emancipação já não é mais a palavra da vez, já que não devo me emancipar do que na maioria das vezes me faz bem mesmo quando me faz mal pega para destruir. Ah, Hera.

Estou em desespero completo e nunca me senti tão sozinha. Todos falam, cada vez mais alto, cada vez mais atravessando aos argumentos uns dos outros e eu só ignoro, ouço longe, ouço debaixo do Olimpo, ouço com Hale voltado à direita dizendo expansão e efetuo com o mesmo alinhado à esquerda buscando proteção. Tânatos e Eros emergem, já não sei o que fazer com a onda grande que me derrubou daquele nadar tão bom, o caos me perturbou e calejei. Socorro. Peço quase em silêncio porque ninguém parece ouvir, ninguém entende. É só o desespero dionisíaco soprando meu barquinho cada vez para mais longe.

Até quando vou suportar? Amor, proteção, expansão, falha, distorção, farsa.

Classicisa
Enviado por Classicisa em 27/03/2017
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