Palavra Solta – amores e adeuses

Palavra Solta – amores e adeuses

*Rangel Alves da Costa

Nada mais difícil que amar e depois ser desprezado, deixado, abandonado, principalmente quando não é justa nem justificável a decisão da parte que dá adeus ao outro. Certamente é muito fácil dizer não, afirmar que tudo acabou, e tchau. Contudo, fácil para a parte que diz, que afirma. Mas para a outra que não estava esperando tal decisão? Nada mais doloroso que ser desprezado quando tanto queria e acreditava naquele amor. Nada mais tormentoso que de repente ficar sem aquela pessoa que tanto gostava e queria. O problema maior, porém, não é o término ou o fim em si, mas o buraco que se abre aos pés de um enquanto o outro sequer quer saber das consequências. Se para um tudo está acabado e pronto, para o outro não é assim não. Difícil é se refazer na dor, difícil é dar a volta por cima quando se está na escuridão da agonia, difícil é novamente viver quando todos os motivos da alegria parecem ter sucumbido de vez. Chora-se, mas lágrimas não traduzem a dor da alma. A ferida aberta vai sangrando até esvair todas as forças. E ao outro tanto faz o grito como a dor lancinante. Injusto que assim aconteça. Injusto por que emerge a certeza: não havia amor da parte que abandona. Apenas daquele que sofre pelo adeus. E é sobre este que recaem todas as danosas consequências.

Escritor

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