COTAS E PROTAGONISMO DOS NEGROS
 

Durval Carvalhal



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          Biologicamente, não há raças, pois somos todos humanos. Mas não nos enganemos com a falácia da democracia racial no Brasil. Como diz a consulesa francesa, Alexandra Loras:
          “O racismo é real e é um problema [...] É muito confortável para o branco falar em meritocracia, dizer que somos todos iguais e ser contra as cotas. Mas em 127 anos, após o fim da escravidão, a sociedade brasileira ainda não resolveu de forma orgânica, natural. As cotas são humilhantes, mas são necessárias. É uma etapa para reequilibrar a sociedade”. Melhor, diz ela, se as cotas fossem de “50% para alunos pobres, pardos e negros em universidades e escolas particulares”.
          Uma das minhas filhas foi estudar o 3º ano colegial numa das escolas mais caras de Salvador. Com um mês, ela me pediu chorando para sair de lá, o que fiz imediatamente, fazendo-a voltar para o Salesiano, onde sempre fora bem tratada e respeitada por todos.
          Ela não suportou o isolamento, os olhares de reprovação e de não aceitação por parte do corpo discente. Só quem é negro sabe o que é ser negro, mormente no Brasil, tido como o país mais racista do mundo. “Segundo o IBGE, os negros (pretos e pardos) eram a maioria da população brasileira em 2014, representando 53,6% da população”.
          Os Estados Unidos têm 13% de negros. Mas lá, o negro protagoniza em todas as áreas: no show busines, no Congresso, como médicos, executivos, advogados e afins. Até presidente negro já governou o país, bafejado até com reeleição.
           No Brasil, qual o protagonismo do negro? Já teve presidente afro? Quantos governadores, senadores, deputados, prefeitos, vereadores, professores universitários, médicos, ministros, juízes, secretários de governos, gestores, lideranças empresariais africanizadas? E na mídia, quantos jornalistas, repórteres e apresentadores de televisão existem de cor negra?
          Racismo é uma coisa lamentável, dolorosa e séria. Causa profundo sofrimento humano, reclama muita leitura e reflexão honesta, para não se perder com achismo e oba oba.
Durval Carvalhal
Enviado por Durval Carvalhal em 02/03/2017
Reeditado em 02/03/2017
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