Coração

- Oi, somos alunas aqui da faculdade e vamos te atender hoje. O que te trouxe aqui?

- Dor no peito.

O ambulatório era de cardiologia, mas juraria que se eu fosse psiquiatra a atenderia melhor.

Colhemos a história.

- A senhora fuma?

- Três maços por dia.

A carga tabágica era de mais de 100 anos/maço. Porém, tudo culpa da ansiedade.

O que poderíamos fazer?

Sua impaciência. Sua vontade de sair do consultório para mais um trago era evidente.

Ela saiu. Nós esperamos.

O médico, enfim, chegou. Discutimos o caso. Passamos exames cardiológicos, um eletro daqui um eco dali. E assim, diagnosticamos problemas do corpo, mas jamais descobriremos da alma. Seu sofrimento. Sua solidão. Tudo que passamos pode ter sido em vão.

Agradecemos.

Ela agradeceu.

A consulta terminou, mas a lição ficou. A consulta pode até ter sido em vão, mas ela me tocou de coração.