Saudosista juramentado

Sei perfeitamente que a roda dentada do progresso não pára. Que o fluir do tempo é incessante e que o que passou, passou. Fico até maravilhado com o avanço da tevnologia, embora critique esse "progresso" quando ele gera desemprego. Não aceito a substituição do homem pela máquina. Li, não recorde onde, que a fábrica do futuro só terá dois operários, um homem e um cachorro. Função do homem: alimentar o cachorro. Função do cachorro: não deixar o homem bulir nas máquinas.

Assim, mesmo sendo um saudosista juramentado, incorrigível e irreversível, convivo numa boa com o "progresso", mas sem abrir mão pelo meu fascínio pelo passado, pela minha eterna Miraí do samba de Ataulfo, a cidadezinha da minha infância. Creio que todo coroa recorda sua Miraí e sempre recito baixinho como se estivesse rezando, um soneto de um escritor de Pesqueira, Luiz Cristovão dos Santos: "Ai chão da minha infância iluminada/ No sol vivo do agreste e do sertão!/ Hoje nem sei se é paraíso ou chão/ Aonde tenho a minha alma enraizada!// Tocada de mistério e magia/ Quixabeiras em flor, nesta paisagem!/ O riacho desliza e na sua viagem/ Desfaz em espuma a nostalgia!// Se recuo no tempo da lembrança,/ É a voz de minha mãe que me acalenta!// Ai terra que teceste o meu destino/ Pois homem feito, volto a ti menino/ Te querendo, te amando, te lembrando!".

Sou, repito, um saudosista juramentado. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 22/02/2017
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