“ME-DITEI”

Procurei nos bolsos de meu coração a chave que abria minh'alma .

Nesse dia ao abrir a porta que permitiria encontrar-me. Verifiquei que havia clones mutantes de mim, estes me acenavam com ironia caçoando de minha pobre e mortal existência.

Tentei em vão explicar-lhes que apenas desejava compreender-me, mas não adiantou....foram implacáveis, lançando-me um sonoro e uníssono coro:

- Te vira meu amigo! Se não te compreendes, quer nos compreender?

Fiquei confuso e atônito, pois não sabia do que se tratava.

Ora, se sou “eu” ou “eus” que ali estou como não me permito ou, não posso entende-me?

Silenciei-me por um momento na tentativa de obter alguma resposta solúvel que diluísse minha curiosa e angustiante busca. Não tardou e, como por encanto, fui invadido de uma paz reconfortante e prazerosa que me fazia sentir acolhido e preenchido.

Tal sensação era como um balsamo inebriante, uma mistura de um saber despreocupado; um enxergar lúcido e reconfortante tal qual o de uma criança no colo aconchegante de sua mãe.

Era indescritível a sensação de leveza que beirava a inocência doce de um bebê que sorri ao ver o brilho cintilante de um papel de bala prateado.

Neste momento cerrei meus lábios e também meus questionamentos, saboreando apenas o silencioso sossego de minh'alma.

23/11/2016

Ricardo Brown
Enviado por Ricardo Brown em 20/02/2017
Código do texto: T5918274
Classificação de conteúdo: seguro