Império

Ao falecer uma pessoa, é natural que familiares caiam em pronto. A dor é extensiva a parentes e amigos. Uma vez vi um marginal morto crivado de bala, tratava-se de um indivíduo de alta periculosidade. Ao ver a pobre mãe em pranto e lamurias , emocionei-me, não pelo marginal que tanto mal fizera à sociedade, pois enquanto sentia-se aliviada do nocivo indivíduo, a mãe chorava e proclamava a (bondade) do filho.

Estou fazendo esse introito para falar do senador já falecido Antonio Carlos Magalhães que tinha a alcunha de “ Toninho Malvadeza” desmanchando em lágrimas pela morte do filho. Um deputado brilhante dentro da sua concepção ideológica, líder do governo na câmara. Compreendi e emocionei-me com o sentimento paternal e comecei refletir sobre o entrevero:- (isso não vai acontecer comigo) e de repente desaba o infortúnio em nossas vidas.

No plano político o império dos Magalhães sonhavam com a ascensão política do carismático Luís Eduardo, governar a Bahia e depois ser Presidente da República em 2003. A máquina já estava montada, contando com os monopolizados meios de comunicação, poder econômico e a falta de memória do eleitorado da fase de desemprego neoliberal. Eram favas contadas, mas de repente chega a morte traiçoeira e implacável. Essa não tem como ser adiada.

Naquela época escrevi; tomara que o Sr ACM, reflita as lágrimas dos familiares torturados e mortos na ditadura do qual foi um dos pilares. Foram mortos apenas por que pensavam diferente. Reflita sobre ás lágrimas dos familiares dos Sem Terra, chacinados em Eldorado dos Carajás. Nas lágrimas dos familiares do índio pataxó, queimado pelos filhinhos da burguesia em Brasília. Use a força política para uma Reforma Agrária de fato e direito. Incentive uma reforma constitucional que pratique de fato justiça social. Pelo que andei lendo, ACM se diz “Toninho Ternura” Escrevo este texto com sinceridade e respeito. Sei que o senador está passando neste momento, pois já passei por isso várias vezes, é extremamente doloroso, mas também não pude deixar de escrever umas verdades . Seria muita hipocrisia de minha parte, falar de paraíso e flores. Meu ideário político caminha na estrada árdua do socialismo democrático, mas nem por isso deixo de ser humano. Adversário político não pode ser inimigo.

Essa crônica foi escrita pela ocasião da morte de Luís Eduardo Magalhães.

Resolvi postar essa crônica, quando vi fascistas tripudiando a morte de Marisa Letícia Lula da Silva.

Lair Estanislau Alves.