Cidade dos meus sonhos

Há sítios distantes, onde a simpatia é comum no seio de gente que sabe ser simpática, a arrogância é incomum na face de quem não se identifica com tal atitude, a irmandade está patente na vizinhança, cada um luta ferozmente para vencer as barreiras que lhe são impostas pela vida sem imiscuidade alheia. O ódio e a inveja estão tão longe de ser um impedimento para quem deseja fazer o que bem entende, num ambiente tranquilo e sereno realizando todos os sonhos com ajuda de todos que o rodeiam.

As estradas estão maximamente asfaltadas, as casas muito bem estruturadas, bairros organizadíssimos e o sistema de saneamento funcionando em perfeitas condições. Há transporte por tudo o que é canto, a viagem é a todo o momento sem necessidade de enfrentar enormes filas e esperar horas para tomar um transporte.

A energia cobre toda a cidade, os mercados estão espalhados por toda conurbação, as escolas abrangem zonas recônditas e a educação é acessível para todos os cidadãos.

Carrego sonhos desses sítios distantes para a minha cidade, queria que tudo fosse assim: gente simpática sem inveja nem ódio, ruas asfaltadas, transporte para todos cidadãos, casas extremamente organizadas e bairros bem estruturados onde não há construções desordenadas, vias de acesso precárias e problemas graves de saneamento do meio. Um sítio onde a escola e a educação sejam acessíveis para todos e a partir dela, o povo tenha a base para tomar o poder, como dizia o saudoso presidente Samora Machel. Mas sinto pena de mim e dos meus sonhos porque não é isso o que vivo e estou muito longe de ver algo parecido acontecer.

Continuo vivendo empoeirado, morrendo de sede porque a canalização de água potável é deficiente, o lixo está espalhado por toda a cidade, não consigo viajar condignamente porque na mesma viatura viajo com cabritos e porcos amarados sobre a bagageira, os buracos são inevitáveis na estrada, as distâncias são longas para se chegar à um hospital de referência e as pessoas esgotam-se de tanto sufoco e de tanto se apertarem dentro da lata velha.

Sempre me pergunto se um dia isso vai acabar ou se algo vai melhorar. Até quando viver assim?

Manuel Chionga
Enviado por Manuel Chionga em 27/11/2016
Código do texto: T5836160
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.