O louco e seu exilo

Eu só me pergunto por que eles não me entendem. Eles deviam me amar... Eles deviam me amar? É tão estranho viver cercado de pessoas que deviam te compreender, mas sempre te julgam por pequenos detalhes, te culpam por pequenas características. É triste ser sozinho, e ainda mais triste é tentar constantemente fugir deste abismo e ver que todas as suas investidas são falhas. Sempre há um detalhe, por menor e mais específico que seja, que irá afastá-lo da pessoa ao seu lado. Ninguém entende ninguém, ninguém conhece ninguém. Talvez seja melhor assim. Conhecer profundamente alguém só nos causa uma dor enorme. É tão doloroso ver os problemas, sentir as dores da pessoa amada, e ainda assim ser jogado ao chão por estar somente tentando “amenizar” uma dor da qual, em teoria, você nunca entenderá. É triste olhar alguém quem um dia, durante suas primeiras conversas, pareceu alguém tão feliz, como um raio de luz no seu mundo, e enxergar somente o que sobrou de um ser em tristeza e sofrimento profundos. Por mais que tentemos ajudar, o fundo do poço só parece ficar mais fundo. Não há esperança, não há luz. Talvez a morte seja a única saída. É melhor estar morto do que estar só, eu diria. A morte física te poupa de tanto sofrimento, enquanto a solidão te tortura, te matando aos poucos e queimando todas as lembranças dos bons momentos que vivemos. A solidão é o pior castigo para um homem, afinal homem algum se imagina sozinho em sua casa num futuro próximo. Não existe sentido em ser feliz, sem estar com alguém, mas e se este alguém de fato não existe? Seria possível ainda assim ser feliz? Nenhum ser no mundo nasce para ser só, e nenhum ser neste mundo está feliz sabendo que morrerá sozinho. O que ficará? O que restará de nós?

Eu olho no meu relógio, acompanho as horas enquanto espero notícias suas. Olho meu celular, atrás de uma ligação que não foi sua, mas que gera alguma ilusão por alguns instantes enquanto ainda tenho esperança de ser algum sinal seu. Eu digo o quanto a amo, mas ela me dá as costas. O que sou eu? Sou tão descartável quanto o nada, e agora o nada me preenche, e estou cheio de vazio. Tanto “amor” q agora se torna pó e se desmancha ao vento, que leva as lembranças de alguns bons dias felizes que se foram para não voltar mais. Eu grito seu nome enquanto vejo o que sobrou de sua silhueta sumir no horizonte. Eu gostaria de dormir e acordar novamente ao seu lado, mas todas as noites só tenho pesadelos com toda a tragédia que ocasionou tudo isso. Talvez eu nunca entenda a sua dor, mas agora nesta sala vazia me pergunto se em algum momento você parou para tentar entender a minha. O sofrimento marca as pessoas, e ainda que sua história seja marcada pela dor, a dor existe para todos e talvez seja tão presente em mim quanto é em você, as experiências são diferentes e a intensidade de cada sentimento também é.

Onde estão todos agora? Eu não sei. N me resta muita coisa. Apenas o chão frio de um lugar vazio. As paredes em branco de um ambiente que de certa forma me remete a um sanatório. Talvez seja apenas meu subconsciente. Talvez eu seja tanto o hospede, quanto o local. Tão vazio e ao mesmo tempo tão cheio de mim mesmo. Tão repleto de dor e medo. Não sei o que sou, não sei o que fui, mas sei meu único desejo. Amor verdadeiro.

Peter Claus
Enviado por Peter Claus em 13/11/2016
Código do texto: T5822410
Classificação de conteúdo: seguro