Medo bobo de adulto

A maturidade nos traz muitas conquistas, mas também muitas inquietações. Crescer exige muito de nós. Quantas quedas serão preciso para eu levantar ainda mais forte? Ainda não sei. Nesse momento de transição, o medo nos assola. Tem dias que eu ainda não queria ter crescido. Queria ainda poder acreditar que o mundo acaba logo ali não esquina, e que a partir dali é território desconhecido, com promessa de aventura. Queria ter a ingenuidade de acreditar na bondade das pessoas.

Queria mesmo sentir como é ser café-com-leite, sem a pressão de me posicionar. Queria ter o poder de me teletransportar... rs (dormir no sofá e acordar na cama). Poder sentir o medo de ir na cozinha à noite e ralar o joelho (e outros medos ingênuos, típicos da infância). Queria voltar a ter a certeza de que ainda posso acreditar em super-heróis, que independente do que viesse a acontecer, alguém viria me salvar.

Quer saber? O mundo dos adultos é meio solitário, sabe. Você tem amigos, sua família continua por perto, seu namorado pode deixar seus dias mais alegres, mas no final das contas, você só tem uma pessoa ao seu lado: você e tudo aquilo que acredita. Tudo que é novo, nos excita. Mas na segunda ou terceira tentativa as coisas perdem um pouco da graça. E então você tem que continuar procurando algo que te faça feliz.

Crescer é quase como criar camadas. Inventamos versões de nós mesmos, como meio de mostrarmos que estamos prontos, mas não estamos, e, ainda corremos o risco de sermos soterrados por tantas camadas. A realidade lá fora é assustadora e não importa quem é ou de onde veio, aos poucos os outros nos modificam. Mudar não é ruim. É difícil. Ter opções não é ruim. É mais complicado. Exige mais.

Sei que a vida passa e com ela passamos nós. A vida não vai esperar eu me sentir pronta. Devo segui-la hoje. Uma hora eu e todos teremos que atravessar a rua sozinho, mas o que ninguém diz é que do outro lado, de mãos dadas com nossos sonhos, estão as responsabilidades. É bom sonhar e realizar, mas uma vez que você decide ir, não há como voltar. Não porque não pode, mas porque você sente que não pertence mais àquele lugar.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 06/11/2016
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