NESPEREIRA, FESTA DA POESIA

“Apresentação de MUSA VIAJANTE”

Noite chuvosa de Outono

Na Junta de Freguesia

Sob o olhar do seu patrono

Subiu ao palco a Poesia.

Poesia feita de festa,

Festa do povo exultante,

Gosta dela por ser honesta

E por ser Musa Viajante.

Recebida em coração aberto

Por um povo anfitrião

Revela-se em rumo certo

Num culto de exaltação.

É repto quase centenar,

Raul Brandão o esboçou,

E vive agora em cada lar

Na semente que gerou.

Seu legado fez-se letra,

Seu exemplo uma lição,

E hoje, de forma concreta,

Há poesia de mão em mão.

Poesia feita mensagem

No corpo de qualquer idade

Encantou-se desta Viagem

Com sentimento e verdade.

Ao toque dela afluíram

Fregueses apaixonados

Pelo calor que sentiram

Ao verem-se valorizados.

A Musa Viajante clamou

Por esta festa cimeira

E ela mesmo incendiou

O povo de Nespereira.

Como impõe a tradição,

Em cânones de boa estima,

Fez-se luz e apresentação

Na voz de Conceição Lima.

Com empenho e com mestria,

Com bom gosto e com arte,

Engrandeceu a Poesia

Como o faz em toda a parte.

E o anfitrião da Casa

Deu um exemplo cabal

Sendo arauto em golpe d´asa

Num poema magistral.

O Álvaro Maio tangeu

A lira do seu violão

E o belo canto nasceu

Na alma de uma canção.

Qual trovador, qual poeta,

Pela musa que o enleia,

Vincou voz na hora certa

Nesta generosa aldeia.

Grande foi o animador,

Capela de sua graça,

Com talento e com valor

Desfiou poesia com raça.

Foi Capela e catedral,

Tirando da manga jograis,

Pintou com chama teatral

Um gosto de chorar por mais.

Desfilaram pela tribuna

Filhos e amigos da terra

E com energia oportuna

Puseram seu brio na berra.

Clímax de todas as graças,

Onda de riso e animação,

Foi o poema do Zé Caraças

Na voz ímpar de Conceição.

Houve drama, houve história,

Num Abril revisitado,

Para agitar a memória

Deste presente mirrado.

Disse o poeta – que o céu tenha:

“Perdigão perdeu a pena,

Não há mal que lhe não venha

Pela sorte que o condena”.

Eu, poeta, porém delirei

Com a alma de prego a fundo

Por isso mesmo aqui deixei

Um bem-haja a todo o mundo.

O autor da Musa Viajante,

Desta Viagem inesquecível,

Sai de cena d´ hoje em diante

Num legado irreversível.

Não sei qual a minha sorte

Nem qual a minha direcção

A Poesia é o meu suporte

Meus leitores, minha paixão.

Quero viajar, aqui e agora,

Navegando a todo o pano

Tenho a Musa a cada hora

Neste meu destino humano!

Frassino Machado

In CANÇÃO DA TERRA E DO MEU PAÍS

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 26/10/2016
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