A ÚLTIMA GARGALHADA

Há um impasse entre o que é a vaidade e o que é cuidar de si e dos outros. Existem variáveis que perturbam as pessoas e, por vezes, nos levam a uma má impressão sobre o amar a si ou viver um egocentrismo. Em outras palavras, o indivíduo se aloca no centro do universo, compreendendo que não há nada mais importante que ele mesmo. Ou ainda que suas ideias se sobreponham a opinião dos outros, apresentando uma percepção de que unicamente aquele que se impõem com seu ponto de vista irretocável, está exato e os outros entendimentos são subjulgados como se fossem conceitos ultrapassados e desmedidos. Ensina-nos a poeta e escritora inglesa, Jane Austen, que “a vaidade e o orgulho são coisas diferentes, embora as palavras sejam frequentemente usadas como sinônimos. Uma pessoa pode ser orgulhosa sem ser vaidosa. O orgulho relaciona-se mais com a opinião que temos de nós mesmos, e a vaidade, com o que desejaríamos que os outros pensassem de nós”.

Por outro lado vivenciamos pessoas que são totalmente voltadas ao seu aperfeiçoamento interior; que não se deslumbram com bens materiais, todavia são desapegadas de tudo que é terreno e de tudo aquilo que preceitua riqueza. Essas acreditam que o que está fora da mente, extraespírito, somente deve ser relevado como acessório de sobrevivência e não de ganância ou mesmo de ambição. Sob tal enfoque é perceptível que existem conceitos precedentes que subjugam a todo o tipo de cobiça, que amaldiçoam a todo tipo de abastança palpável, que possa roubar do ser a paz, a caridade, a humildade, a benevolência e a fé em Deus. Esses, muitas vezes, fazem votos de pobreza, cultivam a castidade e são voltados a construir o que chamamos de afeto, fraternidade e a perspectiva em um mundo mais aberto a valorizar o simples como algo que trará frutos para uma perfeição interior e para a evolução incorpórea. Completa-nos, o ensaísta e filósofo americano, Khalil Gibran que “a simplicidade é o último degrau da sabedoria”.

Sabe-se ainda que nosso universo humano também é, em grande parte, capitalista, competitivo, que experimenta uma busca irrefreada pela glória pessoal, de reconhecimento e de aceitação pelos outros. Especialistas afirmam que o conhecimento, a sabedoria, a cientificidade podem levar o ser humano a conhecer e realizar feitos extraordinários. Nesse processo recai sobre todos nós a responsabilidade e a capacidade de concorrer em busca da felicidade, que se dá pela vitória nos aspectos pessoais e profissionais, em alcançar objetivos planejados e visionários que, por ventura, trarão ao ser humano paz interior, caso ele consiga chegar ao fim catalisado, durante toda uma vida de pensamento e ação focada. Que para isso temos que nos apresentar muito bem postados. A propósito dessas informações, ao nos aprofundar, talvez verifiquemos que somente haverá uma casca e não uma peça alinhada, uma criatura íntegra, humanizada e voltada a cuidar das causas de necessidade da filantropia, como: fome, guerras, pobreza e dignidade. Não raramente, encontraremos forma e não conteúdo. Há uma heterogeneidade nos entendimentos, nas culturas, no ethos esquadrinhado. Na maioria das vezes há uma alegria superficial, que somente traz dor e tristeza no encerramento da última gargalhada, pois nessa hora tudo que é real e verdadeiro aparece.

A paz espiritual pode ser captada de diversas maneiras, através do auxílio mútuo, da inovação, da vitória contra os anseios concupiscentes que depõem contra o espírito. Através de uma solução adequada e sustentável ao bem daqueles que mais carecem, haverá uma sobrevida. Contribuir com a humanidade exige esforço e sensibilização constante, para um amadurecer calcado na percepção, de que é essencial dividir as ideias e discernir que há uma desigualdade de compreensões e interpretações humanas. Toda essa formatação social deve nos trazer à reflexão do que é imprescindível para abrir uma porta de esperança àquele que não vê e não sente mais nenhuma possibilidade de modificar a sua realidade e dos seus. Por tudo isso, esses, por vezes, já jogaram a toalha, já desistiram do mundo, já se veem somente em um poço sem fundo, sem âncora e sem vida. Cabe a cada um de nós compreendermos qual é o nosso papel social e tentarmos metamorfosear essa conjuntura.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 23/10/2016
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