Era Uma Vez Uma Igreja

-Sobre o Reino da Gospelândia

Era uma vez uma igreja exatamente igual às outras igrejas do reino. Uma igreja comum, que tinha pastor, tinha apóstolo, tinha bispo, tinha diácono, levita, evangelista, líder de louvor. Também tinha líder de crianças, de jovens, de homens, mulheres, tinha líder de eventos, de patrimônio, de evangelismo e de ação social.

Tinha líder pra tudo e também tinha líder pra nada. Todo mundo do era líder, todo mundo mandava, ninguém obedecia.

Tinha culto na segunda, ensino na terça, reunião na quarta, ensaio na quinta, tinha campanha na sexta, evento no sábado e no domingo...

No domingo tinha de tudo! No domingo tinha culto, tinha fofoca, tinha competição, tinha atos patéticos, desfile de modas, canções de auto ajuda, pregações sem pé, sem cabeça, sem esboço, sem hermenêutica, sem nenhum pensar teológico, histórico, filosófico ou um tipo qualquer de "pensar".

Domingo não era dia da família, não era dia de descanso, não era dia de vitória, mas era "dia do senhor". Pois é... Domingo é dia do senhor!

E naquele reino que tinha essa igreja, também tinha os irmãos! Ah! O que dizer dos irmãos? Irmãos que não se falavam, que se esbarravam, que se devoravam e não se ajudavam, nem se curavam, nem se cobriam, nao se motivavam , mas que se dividiam e não se arrependiam dessa divisão.

E também era uma vez, no reino da Gospelândia , um tal de Jesus que entrou nessa igreja que tinha pastor, que tinha apóstolo, que tinha bispo, mas não tinha amor!

Quando Jesus chegou, ele não quis ser levita, nem diácono, nem evangelista, nem líder do louvor! Esse tal de Jesus é mesmo estranho! Jesus não quis ser líder de nada!

O mais estranho é que na segunda ele não ia pro culto e nem no ensino na terça. Na quarta ele não ia pra reunião e na quinta não ia ensaiar e nem fazia a campanha da sexta e nem participava do evento de sábado. Jesus nem parecia que era crente!

No domingo, Jesus não morava na igreja, nem se empanturrava de burrologias e dogmas que os homens inventam como cárceres para si mesmos.

Ele não fazia fofoca, não falava em rajadas de fogo, não entregava o trízimo, não caía no chão e nem saía !rodando, pulando,, "profetando", pregando em mistério... Jesus não fazia nada disso! Mas ele sentia amor!

Muito estranho Jesus não ser crente! Muito estranho Jesus não parecer nem com o pastor, nem com o apóstolo, nem com o bispo, mas parecer com o amor!

No reino da Gospelândia, era uma vez uma igreja exatamente igual às outras igrejas do reino... E também, era uma vez, um Jesus tão diferente!

Patrícia Carnieto
Enviado por Patrícia Carnieto em 22/10/2016
Reeditado em 22/10/2016
Código do texto: T5799341
Classificação de conteúdo: seguro