A descrença é uma delícia.

Hoje, ao som de Jorge Vercillo, assumo aqui, diante de qualquer leitor que estou oficialmente aposentada no ramo das relações amorosas.

Que Jorge não me leia e, se me ler, que não me interprete mal.

Entendi a mensagem que ele quis passar a vida inteira, mas hoje percebo que o amor é uma questão de sorte.

Não são as estatísticas, não é algo de uma sofrida. É uma análise fria da vida.

Passamos nossos anos acreditando que temos alguém que espera por nós, tanto quanto esperamos por essa pessoa.

Me desculpe Marcela Taís, a galera do movimento “Eu escolhi esperar” e todo mundo que prega um encontro amoroso nas andanças da vida, mas eu não acredito.

Em nada.

Em ninguém.

Pelo menos não alguém que me prometa.

Hoje, ao som de Jorge Vercillo, e sentada na minha varanda com uma dose de vinho barato, assumo a delícia que a descrença é.

Assumo o quanto sou mais feliz por ser só minha.

Assumo que a solidão pode ser uma doce companheira, com um toque amargo que embasa o equilíbrio sentimental.

Assumo que tentei acreditar e tentei tentar várias vezes.

Mas parei. Parei e não me arrependo.

Nascemos sozinhos, portanto assim devemos partir.

Nosso coração nasce inteiro. Assim ele deve morrer.

E tudo aquilo que foi chamado amor, jaz no coração de um descrente.

“Pobre moça! Tão nova e tão sem ilusões!”, dizem alguns.

Oxalá se todos fossem assim, sem ilusões.

Porque quando as criamos, damos espaço para que as pessoas as alimentem, muitas vezes, sem querer. Sem intenção.

Ou com intenção mesmo. Só por maldade.

O coração está fechado. Não para balanço. Ele declarou falência.

E não ... Ele não precisa de alguém que se arrisque.

Fique no seu lugar e se poupe de frustrações.

Pois o sentimento bom é o recíproco. E, me desculpe, mas eu não tenho o interesse de lhe retribuir nada.