O Tails seria um artefato criminoso?

Muito se tem falado na internet sobre o Tails, um sistema operacional supostamente capaz de conferir a seu usuário total segurança e anonimato na internet ou deep web. Seria verdade? Dizem que o Tais é um sistema operacional que funciona a partir de uma pendrive. Ele pode rodar, ou funcionar temporariamente em qualquer computador sem deixar nada, arquivo algum, gravado no disco rígido. Um sistema operacional “fantasma”, que surge no computador e desaparece sem deixar provas de sua passagem por lá.


Dúvidas

Em primeiro lugar, é preciso esclarecer (e não sou eu quem diz isso, mas especialistas competentes) que na internet a privacidade é possível, mas o anonimato não. Em segundo lugar, perguntamo-nos qual seria a utilidade de um sistema operacional “fantasma”. Devemos ter em mente que uma das maneiras que a polícia tem de provar a culpa de algum criminoso cibernético é confiscar-lhe o computador e resgatar de seu disco rígido os arquivos que comprovam a prática do crime. Os arquivos que nós todos deletamos, ou apagamos de nossos computadores, ingenuamente acreditando que eles sumiram para sempre, na verdade permanecem ocultos no disco rígido do computador. Ao deletar um arquivo, o computador não apaga o arquivo, ele apenas apaga, o caminho, a indicação da localização do arquivo no computador. O arquivo permanece lá, na memória secundária, até que o espaço que ele ocupa seja necessário para a gravação de outro arquivo e só assim o arquivo desaparecerá para sempre. Os arquivos só desaparecem quando forem apagados para a gravação de outro arquivo naquele mesmo lugar. Ocorre que o disco rígido dos computadores modernos possui um espaço enorme para a gravação de arquivos de tal sorte que muitos arquivos supostamente deletados podem permanecer ocultos no disco rígido por anos antes que o espaço que ele ocupa seja reclamado por outro arquivo. É possível, dependendo do uso que se faz do computador, que isso nunca aconteça e nesse caso os arquivos, honestos ou não, criminosos ou não, constrangedores ou não, podem permanecer guardados pelo resto da vida do computador.


Verdade desagradável

Agora nós entendemos o porque da criação e uso do Tails, entendemos o porque do título deste texto e também o porque dele ser tão admirado e desejados por hackers ou aspirantes a hacker. Se ele, o Tails, não guarda nenhum arquivo no disco rígido, não haverá o que recuperar. O Tails, parece ter sido criado para ocultar da polícia alguma atividade ilícita na internet. Não consigo imaginar nada mais conveniente para um pedófilo ou algum traficante de drogas ou armas do que o Tails. Um cidadão honesto que deseja apenas proteger-se do famigerado rastreamento ou de algum malware não precisa usar o Tails. O Tails tem como navegador padrão, o Tor Browser, que pode ser instalado em qualquer computador gratuitamente. O Tor Browser, protegido pela famigerada Onion Reuter, pode realmente dar a seu usuário um elevado nível de privacidade (privacidade e não anonimato entenda-se bem) não sendo necessário para isso o uso do Tails. Também quero acrescentar que o uso do Tails não é tão simples quanto dizem. Não basta ligar uma pendrive ao computador. A bios do computador precisa ser preparada para recebê-lo e isso poderia inviabilizar seu uso, de forma secreta, em algum computador de lan house ou de alguma corporação, empresa ou órgão público.


Como é o artefato?

Mas como é esse tal de Tails? Ele nada mais que o linux Debian que foi adaptado para funcionar a partir de uma pendrive. São duas coisas diferentes: o Debian instalado no computador ou em máquina virtual e o Debian transformado em Tails. Instalado no computador ou em máquina virtual, o Debian não é capaz de fazer a mágica prometida pelo Tails sendo apenas um sistema operacional débil. Eu instalei o Debian (mas não o transformei em Tails) em uma máquina virtual para conhecê-lo e a minha impressão sobre ele não foi das melhores. Penso que ele é uma forma “piorada”, limitada ou inferior de linux que deixa muito a desejar em relação a seus concorrentes, os excelentes linux Ubunto e Mint. A transformação do Debian em Tails através de sua confinação em uma pendrive não é nada fácil. Para um usuário inexperiente que queira conhecê-lo, seria melhor pagar a um técnico para que prepare esse artefato. Uma coisa que chama muito a atenção para o Debian é a sua vocação de fênix (o pássaro da mitologia grega que renasce das cinzas), pois quando desligado, ele realmente apaga tudo que foi feito em uma sessão de uso ou trabalho e retorna as configurações padrão. É uma característica que chama a atenção, mas não impressiona, não é novidade. O linux Ubuntu tem uma sessão convidado que funciona como uma conta de usuário padrão e apaga tudo que foi feito nela quando o computador for desligado ou reiniciado. No Windows, se pode usar gratuitamente o virtualizador chamado Sandboxie que tem função similar e é um bom software de segurança adicional. Talvez uma simples conta de usuário padrão no Windows, desvinculada da conta Microsoft, poderia fazer também esse papel, pois ao se excluir uma conta de usuário, nos é oferecida a opção de deletar todos os arquivos daquela conta, então se você fizer uma grande c#g#d# numa conta usuário, não se preocupe, você pode apagá-la e imediatamente criar outra conta, até com o mesmo nome, novinha em folha, desde que a conta administrador não tenha sido comprometida. Não se esqueçam, no entanto, que os arquivos deletados estão lá, guardados no disco rígido esperando que a polícia venha descobri-los. Na internet, como na vida, há uma regra de ouro: “Quem não deve, não teme!” O cidadão honesto não ganhará nada com o uso do Tails.


Cuidado

Se você, em seu trabalho tem subordinados ou se tem computador em casa, cuidado com algum, colega, sócio, empregado, filho, cônjuge ou qualquer outra pessoa que ande por aí com uma pendrive suspeita nos bolsos. Fique de olho nas pendrives que passam pelo seu computador, pois ter a polícia batendo à sua porta sem saber do que se trata é algo de muito desagradável.  Eu não sou especialista em informática, mas se meus caros leitores tiverem alguma dúvida ou assunto que queiram discutir a esse respeito, farei o melhor que puder para atendê-los.

 
Duarte Cosaque
Enviado por Duarte Cosaque em 06/10/2016
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