Normal
- Nada demais…
- Nada demais? Como você pode dizer isso?
- Ora, quem nunca fez algo parecido?
- Eu…
- Duvido. Isso já nasce com a gente. A não ser que você não seja humano.
- Humano? Você acha que alguém que faça tal coisa seja humano? Isso é assim tão normal para você?
- Sim. Pare de dramatizar! Basta perguntar a qualquer um na rua que você verá que é super normal…
- Super normal, uma ova!
- Quer ver? Com licença, moça. O que você acha daquilo?
- Daquilo o quê?
- Ali, olha.
- Ah, sim, aquilo ali? Legal, já fiz algumas vezes…
- Viu? Normal…
- Como pode isso? Uma moça tão jovem pensar assim.
- Ah, para com isso! Admita que é normal e sempre foi.
- Jamais, pois tenho critérios!
- Isso não tem nada a ver com critérios. É normal porque é natural. Ora, bolas!
- Vou perguntar a uma pessoa mais madura. Os jovens atuais são tolos e sem critérios. Com licença, senhor.
- Pois não.
- O que o senhor acha daquilo?
- Daquilo ali?
- Sim.
- Tá meio desconexo com o pano de fundo, mas, ainda assim, é bem legal. Certa vez…
- Como? Desconexo, mas legal?
- Obrigado, senhor. Não liga, ele é muito dramático.
- Que dramático! Será que só eu vejo essa aberração?
- Aberração? Pelo amor de Deus! Já está exagerando! Vou te internar!
- Devo estar maluco mesmo para essa sociedade que acha normal o insano!
- Ah, tá. Agora é a sociedade que está insana e você é o único são!
- Sim, só pode ser!
- Você está me lembrando o alienista de Machado de Assis, relaxa, cara, as coisas mudaram, são outros tempos!
- Para mim, não! Algumas coisas podem ter mudado e isso é óbvio, mas tem que se prezar pelas que têm valores perenes, universais. E isso aí, olha, lá! Isso aí já ultrapassou a imoralidade!
- Okay, já vi que você é irredutível nessa questão. Até te achava mais liberal, mas hoje vejo que você é bem conservador, ultra-conservador.
- Pode-se ser liberal em vários assuntos, mas nesse não dá.
- Está bem. Tenho que ir, foi um prazer te reencontrar, manda um abraço para a família.
- Okay, obrigado. Ei, você vai deixar aquilo assim, mesmo? Não é melhor pegar?
- Não, deixa ali. Já estava aí há sete dias, amanhã de manhã dou uma olhada.
- Que absurdo!
- Nada demais…
- Nada demais? Como você pode dizer isso?
- Ora, quem nunca fez algo parecido?
- Eu…
- Duvido. Isso já nasce com a gente. A não ser que você não seja humano.
- Humano? Você acha que alguém que faça tal coisa seja humano? Isso é assim tão normal para você?
- Sim. Pare de dramatizar! Basta perguntar a qualquer um na rua que você verá que é super normal…
- Super normal, uma ova!
- Quer ver? Com licença, moça. O que você acha daquilo?
- Daquilo o quê?
- Ali, olha.
- Ah, sim, aquilo ali? Legal, já fiz algumas vezes…
- Viu? Normal…
- Como pode isso? Uma moça tão jovem pensar assim.
- Ah, para com isso! Admita que é normal e sempre foi.
- Jamais, pois tenho critérios!
- Isso não tem nada a ver com critérios. É normal porque é natural. Ora, bolas!
- Vou perguntar a uma pessoa mais madura. Os jovens atuais são tolos e sem critérios. Com licença, senhor.
- Pois não.
- O que o senhor acha daquilo?
- Daquilo ali?
- Sim.
- Tá meio desconexo com o pano de fundo, mas, ainda assim, é bem legal. Certa vez…
- Como? Desconexo, mas legal?
- Obrigado, senhor. Não liga, ele é muito dramático.
- Que dramático! Será que só eu vejo essa aberração?
- Aberração? Pelo amor de Deus! Já está exagerando! Vou te internar!
- Devo estar maluco mesmo para essa sociedade que acha normal o insano!
- Ah, tá. Agora é a sociedade que está insana e você é o único são!
- Sim, só pode ser!
- Você está me lembrando o alienista de Machado de Assis, relaxa, cara, as coisas mudaram, são outros tempos!
- Para mim, não! Algumas coisas podem ter mudado e isso é óbvio, mas tem que se prezar pelas que têm valores perenes, universais. E isso aí, olha, lá! Isso aí já ultrapassou a imoralidade!
- Okay, já vi que você é irredutível nessa questão. Até te achava mais liberal, mas hoje vejo que você é bem conservador, ultra-conservador.
- Pode-se ser liberal em vários assuntos, mas nesse não dá.
- Está bem. Tenho que ir, foi um prazer te reencontrar, manda um abraço para a família.
- Okay, obrigado. Ei, você vai deixar aquilo assim, mesmo? Não é melhor pegar?
- Não, deixa ali. Já estava aí há sete dias, amanhã de manhã dou uma olhada.
- Que absurdo!