A SUA POLÍCIA
 
Entraram os três homens fardados dentro da viatura e começaram a ronda pela cidade.
Primeiro passaram perto da pastelaria só para sentir o cheiro da gordura torturando a massa. Adiante, dobraram a esquina por puro instinto urbano, o que não deixa de ser selvagem.
Pararam perto de um conhecido usuário de drogas. Sabiam que não poderiam prender o rapaz, mas só para perturbar um pouquinho. Um deles sugeriu deixar o rapaz em paz, mas o sargento da guarnição insistia em atormentar a pobre criatura. Perguntou se ele estava bem. Se ele estava limpo. Se já tinha saído daquela vida.
Seguindo a ronda, avistaram um assalto.
-Para aí. Polícia. O assalto foi desfeito com os gritos do sargento. A vítima veio até a viatura agradecer a polícia.
-Tudo bem. Da próxima vez fique mais atento e não ande por essas ruas escuras, essa é uma das ruas deles.
Aí o quase assaltado falou com voz de revolta.
-Uai, não sabia que o prefeito fez rua específica para assaltante, e não para os cidadãos.
-Nobre cidadão, nós não discutimos política. Somos a sua polícia.
Então a viatura seguiu como um glóbulo branco pelas artérias e vasos capilares de uma cidade que pulsa podridão durante a noite.
Mais algumas prostitutas no ponto e mais uma extorsãozinha do distribuidor mais adiante e o turno acaba. 

 
Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 23/09/2016
Reeditado em 25/09/2016
Código do texto: T5770455
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