A arte da vida

As cortinas das águas do Rio S. Francisco se fecharam, encerrando aquele que seria seu maior papel...Entre lágrimas que se juntavam ao afluente à fluente correnteza que seguia sem perdão. O Velho Chico cansado, palco de antigo esplendor, hoje faz de seu leito morada para quem um dia quis ser grande ator. O rio que hoje guarda um riso, em seus bastidores ao público segredou, que mesmo na morte, há arte e o espetáculo só termina para quem em si não o vivenciou.

Suas lonas seguem o fluxo, o tempo nele não para, seu destino é certo, mesmo quando não sabemos para onde vai.

Dois palhaços juntos! Na misteriosa cumplicidade entre dor e alegria, que corrompe as expectativas, faz de um dia qualquer "Domingo" e brinca com a inocência e fragilidade da criança que dentro de nós morou.

E assim, um roteiro se eterniza em quem assiste à obra, mesmo sem compreendê-la. Algumas interpretações não são para serem entendidas, apenas devem ser sentidas. Eis a magia de se deixar surpreender....

E agora que as luzes apagam, a novela termina e com ela somos obrigados a deixar nosso apego aos personagens....todo fim de uma história deixa implícito o que irá acontecer. Convidando os expectadores a criarem com ela a obra que continua viva, como o Velho Chico, que entre duas margens, mesmo as vezes cansado, segue sempre em frente....