FELICIDADE DE MENINO POBRE "NA TERRA DO ... FOME ZERO"

Eu estava no Rio de Janeiro. Quando o bonde chegou, no fim da linha, e esvaziou-se; nós que o aguardávamos, subimos rápido. Entrando, observei a um canto, na sua ingenuidade de criança e na sua sujeira de menino pobre e desleixado, dormindo, profundamente, enroscado como se um gatinho de rua fosse, um garoto de seus oito ou dez anos. Em seguida, o cobrador bateu-lhe no ombro, então dizendo:

__ “Fim da linha”!

Assustado, com os olhos esbugalhados, o menino saiu correndo.

E o bonde, retomando seu trajeto, entrou em movimento e não pensei mais naquele menino jogado ao léu.

Instantes depois, porém, lá estava o garoto, no mesmo banco de antes. De novo, dormia. Observei: seus pés, braços, rosto, até a boca, todo o seu corpo, estavam sujos.

Lembrei então, de um dos personagens de nosso famoso escritor, Humberto de Campos: “Ratinho”. E, aquele “ratinho” do bonde, dormia.

Entrou depois, chamando à atenção de todos, pela sua beleza física, por seus gestos esvoaçantes e feminilidade à flor da pele, uma moça de vermelho, desfilando sobre um calçado de um salto alto “das mil e uma noites”... Bem vestida, procurava um lugar para sentar. No entanto, somente restava um, ao lado de “Ratinho”. E ela, lançando um olhar ao seu vestido exuberante e às vestes pouco asseadas daquele garoto, sentou-se lentamente, e, despreocupadamente. Não sei se pensava em alguém ou alguma coisa, pois seu olhar, claramente, parecia absorto.

Mas, com certeza, àquela era um exemplar dos mais “perfeitos” e sensuais que o Criador foi capaz de maravilhosamente talhar. Tinha uma boca convidativa, suas pernas cruzadas, emanavam olhares dos homens que, nos bancos, se coçavam...; tinha uma pulseira, relógio, anel e brincos, que ao certo, “estavam felizes”, ao adornar aquele corpo “apetitoso”, àquele sedoso rosto jovem e belo, que faziam com que todos os homens em volta, babassem...; babavam, meus irmãos: _ todos babavam, inclusive este, que vos leva áquele delicioso momento.

Por outro lado, “Ratinho”, o garoto, ao contrário, era o contraste absoluto daquela beldade: irradiava feiúra _ coitado, e muita sujeira. Seu pescoço, muito fino, parecia abrigar diversos colares, formados pela poeira acumulada de quem, durante vários dias, não havia tomado sequer um banho.

E assim, no balanço constante do bonde em viagem, Ratinho acabou dormindo, e, na inconsciência do sono, recostou sua cabeça desamparada, infantil, e talvez mal cheirosa, no ombro perfumado da moça de vermelho.

Alguém, com certeza, pensará que ela, a moça, do alto de sua formosura, sentiu asco, nojo, e que, levantou-se e foi embora sem olhar para trás. Não! Ela, "princesa perfeita”, limitou-se a lançar-lhe um olhar comovido de ternura; expressou um sorriso maravilhoso de compreensão; depois voltou ao seu alheamento, com o menino recostado ao seu ombro, até o fim da viagem.

Já no centro da cidade, o bonde parou, Ratinho acordou, e a moça de vermelho, levantou àqueles quadris soberbos do banco e os __transportou, no balanço do “te quero mais”, sei lá para onde quis Deus. Ratinho saltou fora, e, foi-se também... E eu, embasbacado, desci. Parei na esquina próxima, aturdido.

Foi quando vi, novamente, Ratinho pendurado no bonde e lá se foi, de volta, com uma mão na porta e outra abanando e sorrindo para os transeuntes que ficavam para trás. Quanto à moça de vermelho, a vi novamente, também para minha surpresa, quando caminhava, melhor, “quando deslizava”, rua acima, dobrando a esquina próxima e ...: “foi desmaterializada de nossas vidas”. Eu, ainda tonto, fiquei babando um tempo, e, juntamente com todos vocês que agora babam e se imaginam lá, segui o meu caminho, para continuar cumprindo minha missão, Vontade de Deus; Este, privilegiado, com certeza, acompanhou a moça, por ser o Poder que eu sequer vislumbro ter, que nós ainda não temos, protegendo àquela Expansão de Si Mesmo, em Perfeição, aqui, agora, Neste Plano!!!!...

Depois, eu, voltando a coordenar os pensamentos, refleti: anotei algumas palavras em meu palm top e fui embora.

Afinal, que extremos são estes? De um lado, apresenta-se a vida exuberante, despreocupada, jovem, em uma beleza estonteante e representando a riqueza espelhada no quase absoluto ter, quiçá também no ser; de outro, a infância abandonada, a miséria, a fome do dia-a-dia, de toda hora, de todo o momento, com certeza... Por que será que existe tanto contraste em meu país, neste mundo? Enquanto uns andam com dólares na cueca, outros, também filhos do Senhor, não têm uma migalha do pão sagrado para pôr à boca faminta; não tem um teto, um roupa mais descente, uma vida mais digna, como de Filhos de Deus. E o governo, no que deve, o que faz, ao menos para amenizar esta situação permanente? Tem um cidadão eleito que disse em campanha que mudaria isso tudo...

__Deste jeito, não dá, não é, eleitor?!

Deste jeito, dá para continuar?!!! Por mais este “mau jeito”, será que o homem continua...? E o “... fome zero”? Para quem? Para os amigos do rei?! Ou, não?!?!

Eu não sei; eu não sei; a aplicação das melhores políticas públicas ao meu país, deve ser implementada por quem disse que o faria, com nosso auxílio, com certeza, mas por quem disse que o faria e...

No entanto, voltando ao tema principal desta, somente de uma coisa eu estou certo:

__ “Ratinho”, aquele menino pobre, talvez sem comer por muito tempo, dormindo, ou fazendo que dormia, sei lá, para enganar a fome, sujo e feio, com toda a sua infelicidade, ao menos um dia e em um momento especial, pode dormir, e talvez sonhar com a riqueza infinda, plena, no ombro cheiroso, maravilhoso, perfumado, in glória, daquela moça de vermelho...

Porto Velho, 07 de outubro de 2005.

Amando a Essência Divina Individualizada Em Você, em Vocês, para Expansão na LUZ,

Aqui, Agora, Desde Sempre, Enquanto na Roda da Vida, e Além, Como Expansão Constante do Todo, na Vontade Maior, Eternamente, En Luz,

Trabalhando Por Rondônia, Pelo Brasil,

Aqui, Agora,

In Sugestão:

E que cada um de nós Seja Capaz de Doar o que não lhe for útil para o irmão próximo, pois isto será uma benção renovadora, em prol de todos os necessitados.

Saibamos que, assim, estaremos semeando no Cosmos, sempre fértil, para o nosso próprio porvindouro, em Abundância Plena, necessitados que somos, não só do Pão Físico, mas do Eterno: justo e perfeito.

Haja LUZ. Haja Ética.

Prof. Vitor Hugo Bitencourt da Silva

Sócio Fundador da Associação Rondoniense de Poesia – ACARP

Sócio efetivo e Comendador da Ordem da Confraria dos Poetas Brasil – OCPOETAS BRASIL

DOUTORANDO

Web Site: http://www.vhbbrasil.recantodasletras.com.br

E-mails: vhbbrasil2@hotmail.com