Fim da linha

Não vou dizer que eu estou destruída por dentro (na verdade, estou, mas não admitiria para ti, pois ainda quero que você tenha a imagem de mim como uma mulher forte e segura). Não direi que estou decepcionada pelo “nós” que não houve. Confesso que era esperado que você e eu não déssemos certo. Não vou dizer que você quebrou o meu coração (seria muito leviandade da minha parte). Não se preocupe, não vou te odiar por isso. A nossa história não ia muito além mesmo, ambos sabemos disso. Você sabe, não dá para ocupar um coração já ocupado. Não tenho como negar a verdade escrita no teu olhar. Seu coração nunca me pertenceria. Mas mesmo assim eu mergulhei nesse “amor” (o meu problema é que eu gosto de mergulhar em amores rasos e me perco por completo, até bater a cabeça com força e voltar a realidade de ser sozinha). Não vou lutar por ti. Não vai ser eu a lutar por um espaço, mesmo que pequeno, no porão da tua vida. Eu não aguento. Não sou de ferro. Quebro com facilidade. Quando for para eu amar, desejo que seja intenso, de verdade, pra valer. Vou querer a suíte principal, querido. Mas não precisa ficar preocupado, eu não guardo mágoas. Nem isso, meu bem, nem isso.

Nós chegamos ao fim da linha. E no final da nossa estrada tem um precipício para nos separar. Fomos até onde deu. Eu fui até mais longe do que deveria ter ido, do que poderia ter ido. Todavia, eu sei quando devo sair de cena e recolher as minhas tropas do campo de batalha. Já aprendi há muito qual é o meu limite. Quebrei o coração vezes demais para saber quando tirar o pé do acelerador e dar uma freada brusca. Com você foi assim: eu acelerei com tudo, sem presta atenção na velocidade, desviando das pedras, contornando as curvas. Parei o carro do nada. Mas tudo bem, aqui dentro ficou tudo no lugar, tudo certo. Eu ainda consigo achar o meu coração em meio a essa bagunça. Como dizem por aí, entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Continuo intacta.

Talvez eu tenha chegado um pouquinho tarde demais, ou mesmo talvez eu nunca devesse ter entrado na tua vida. Seu coração já tinha dona, eu sei agora. Eu nunca tive nenhuma chance. Também sei disso. Você sabe também, não finja que não. Você também tem parte nessa história. Por isso, não finja que você poderia ter me amado com eu esperava (eu sei que você tentou e admiro o seu esforço). Mas nós sabemos que você não poderia. Respira fundo, não prenda o ar, como sempre faz quando se sente exausto. Enche o peito com os novos ares que te sondam e vá em frente. Vá, pode ir. Eu ficarei bem. Vá amar quem você bem entender. Deixa o medo para lá, não seja como eu. Amor de verdade exige coragem. Você consegue, eu sei. Acredito que você está mais perto do homem que eu sei que você é. Eu quis você na minha vida porque eu sabia o cara ótimo que você poderia ser.

Foi muito extenso tudo que escrevi até aqui. Mas era só para te dizer que eu estou indo embora, para sempre. Arrumei as minhas malas (não que eu tivesse muita coisa para levar). Organizei minha vida e estou indo por aí. Deixei tudo no lugar, do jeito que encontrei. Perdurei as fotos dela na parede do teu coração, tá bom? Não toquei em nada. Só liberei meu coração de mais uma decepção, tudo bem? E o teu de um fardo desnecessário. Não, não posso demorar mais. Não preciso me torturar ficando aqui e vendo até onde isso vai dar. No que poderia ter sido e não foi. Ou o que a gente poderia ser juntos. O que interessa é que a gente não foi nada.

O que acontece comigo após sair da tua vida? Bom... eu ainda não sei ao certo. Eu vou seguir minha vida sem olhar para trás. Não quero ser uma estátua de sal. Vou sem ter a vontade de apegar ao que nunca seria nada. Não vou chorar mais esse final. Não vou me martirizar. Eu aprendi a lição. Sério. Eu vou torcer por você de longe. Quem sabe um dia você não arranjar a coragem necessária para amar de verdade. Eu vou levar o meu amor e coragem para outro alguém que valha a pena o meu esforço. Fica o aviso que eu estou indo. Fui. Estou saindo de mansinho da tua vida. Só isso. Não sentirá tantas saudades, eu sei. Mas estou indo embora. Sem mágoas. Sem lamentações. Sem grilos. Estou indo. Um dia, talvez, a gente se esbarre por aí. Qualquer dia a gente se vê, eu acho.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 16/09/2016
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