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 PÁGINA DO MRU DIÁRIO = EC

   Correu o zip da mala onde estava tudo o que levava do casamento que acabara. Roupas, livros, alguns objetos pessoais.
   Voltava para a casa dos pais de onde saíra há vinte anos para empreender a mais incerta, arriscada e maravilhosa de todas as aventuras, o casamento.
   Como sofrera1 Como tentara ser forte, altruístas, paciente, mas não aguentava mais.
   Quando confiou aos pais sua situação de esposa traída, desrespeitada, humilhada e até agredida, eles deram todo o apoio para a separação e abriram os braços para recebê-la de volta.
   Abriu uma gaveta cheia de papeis, fotografias, lembrancinhas e dispôs-se a enfiar tudo em um saco plástico para depois queimar, quando viu ao fundo, meio escondido o seu diário de adolescente.
   Pegou-o com carinho e o passado renasceu em seu coração lembrando-se daquele seu aniversário.
   Treze anos! Já era uma mocinha e o Tio Laláu lhe deu aquele presente, um Diário de capa cor de rosa com chave e tudo para ela começar a escrever seus segredinhos.
   Por muitos anos ela o conservou, anotando os acontecimentos mais marcantes em sua vida, mas depois...
   Depois tudo era tristeza e não valia pena registrar mais nada e o livrinho ficou esquecido no fundo daquela gaveta.
   Puxou fora a gaveta para pegar a chave que ainda estava escondida embaixo, abriu a frágil fechadura e foleou ao acaso para relembrar algum episódio gratificante de sua vida, pois tivera por principio só relatar as coisas boas.
   E lá estava mais um momento feliz, devidamente registrado com sua letrinha caprichada:

“Hoje conheci o Marcos, o homem mais maravilhoso deste mundo. Conversamos muito e ele disse que gostou de mim e quer ver-me mais vezes...”.

   Continuava a descrever a emoção daquele primeiro encontro e os maravilhosos atributos do Marcos que ela agora conhecia muito bem e odiava com toda sua força.
   Não quis ler mais nada. Arrancou a folha, rasgou-a furiosamente em pedacinho, jogou-a no saco de lixo junto com a Diária cor de rosa com chave e tudo.
   Que a perdoasse o Tio Laláu! 
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Este texto faz parte do Exercício Criativo -
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Maith
Enviado por Maith em 12/09/2016
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