Autodestruição

Eu disse que essa gentinha não poderia nem falar, mas você sempre a defendeu. Você e essa mania de tolerância total. Não se pode tolerar os idiotas, os que acham que não são gentinha. É preciso impedir que cresçam, mas você não só permitiu o crescimento deles como regou essa porcaria. Não sei de onde você tirou essa ideia, não sei que vírus te invadiu e te adoeceu, pois me parece um quadro patológico. Idiota! Sim, você é um verdadeiro idiota, ainda que seja sábio. Você pensava que a sabedoria deveria ser tolerante e agora essas merdas estão ditando as ordens, dizendo o que é certo e errado, cagando para a tolerância que você tanto defendeu. Ontem mesmo eu quase matei uns dois, mas a sua polícia iria me prender e me usar como propaganda política. E de quem é a culpa? A culpa é sua, porra! Você sabe disso! Não adianta ficar com essa cara de merda me olhando, pelo menos admita! Sim? Agora é tarde! Ela está nas ruas, nas faculdades, nos cargos políticos, em todas as merdas de lugares dessa sociedade de gentinha que você criou. Você já viu a religião dela? Você já viu o deus dela? Que merda! Puta que pariu, não posso falar quase nada em público. Um escritor dessa gentinha publicou uma obra em três volumes com um dicionário mais adequado, mais tolerante; estamos fodidos! Você leu aquela coluna daquela puta que escreve na merda daquele jornal? Ela escreveu um artigo imenso sobre “modos”. Vai tomar no cu! Modos é o caralho! Você criou um “1984” em pleno século vinte-e-um! Estamos rodeados de idiotas. Se ligar a tevê, lá eles estão. Se ligar o rádio, lá eles estão. As prateleiras das livrarias estão cheias de letras idiotas, de ideias de gentinha. Lembro daquela sua tese de doutorado, como era o título? Ah, lembrei: “A formação de uma nova sociedade baseada na tolerância”. Puta que merda! Essa porra virou best-seller e olha a merda que nos encontramos! E depois desse livro, o que você fez? Nada! Você virou um nada! Sabe por quê? Porque eles não queriam você, mas apenas suas ideias. Você virou uma lenda, um mito. Você foi imortalizado numa obra, mas você se destruiu. Você se tornou um herói morto. Você é um zumbi! Ninguém mais fala em você, pois a ideia tomou seu lugar. A ideia tomou sua cátedra, seu prestígio, sua honra! A sua obra foi uma autodestruição. Não, não digo que você tem que dar cabo de sua vida, pois ela já não existe mais. Adeus!

Rodiney da Silva
Enviado por Rodiney da Silva em 18/08/2016
Código do texto: T5732642
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