O CIRIO PROIBIDO

LEVANTOU-SE DA CAMA QUANDO AINDA ERA NOITE, QUERENDO REZAR AS PEGADAS ESTRELADAS NO PARAISO QUE RISCAVA-SE NOS SEUS LABIOS .OBSERVOU QUE ERA MADRUGADA PARA CORDAR SUBITAMENTE NAQUELA HORA QUE SECAVA SUAS FRANJAS FRIAS ,QUE PARECIAM OSTENSORIOS UMIDOS DE GRAÇAS.

SENTADA NA BEIRADA DA CAMA, OLHOU AQUELE ESCURO DO QUARTO E COMEÇOU A PROCURAR ALGO NO PEQUENA CREDENCIA DE VIDRO QUE ESTAVA ALI POR PERTO.ENXERGOU O HUMOR DAS MÃOS QUARADOS COMO UMA MIGALHA AMADEIXADA NAS ARAS DE SUAS MEMORIAS.TATEOU NO ESCURO ATÉ QUE ENCONTROU UMA CAIXINHA DE FÓSFORO E UM MÍUDO CIRIO BENTO EMCIMA DA MESINHA.TIROU UM FOSFORO FINOS AS APALPADELAS,EXPREMIDO DE PARAFINA-RISCOU-O.E ACENDEU O CIRIO DE PÉ .

UM RITO ARRANHAVA SUAS PALPEBRAS QUE ERAM ASSALTADAS POR CAUSTICO SONO.PEGOU O DIARIO DE ANOTAÇÕES AVULSO .ABRIU-O NO OBUMBRADO AR DO LUGAR E ARRANCOU UMA FOLHA E COM UMA PENA TINTEIRO COMEÇOU A RABISCA-LO .O SILENCIO DAS PAREDES DEGLUTIA OS RUIDOS DAS PONTAS DA PENA .A TINTA ERA TRAÇADA NO PAPEL CEGAMENTE COMO SE FOSSE UMA RELIGIOSA TOUREANDO UM PACIENTE REGRESSO DAS VOZES DO CEU .

O CIRIO ACESO ERA O AMPARO ÀS VISTAS EM BREUS DE SOMBRAS QUE EMPEDERNIAM AQUELES OLHOS DE ÉBRIAS PUPILAS.

A CERA PEREGRINA ROLAVA ATÉ PINGAR NOS OSSOS DO CIRIO .MECHAS DE SOMBRAS DIAFANAS ERAM APANHADO POR SUAS MÃOS ATE SE TRANSFIGURAR NUM RAMALHETE DE FLORES SINISTRAS.

O QUE ELA ESCREVIA ERA SIGILO NO CLAUSTRO DA SOLIDÃO QUE SÓ A PENA ERA GUARDIÃ .O SACRAMENTO DE SEUS SUSPIROS ERAM TROVADORES DAS CONFISSÕES QUE REBOAVAM NO AR FRIO.

PÉTALAS DE BORRÕES ERAM UMA SACERDOTISA DE SUAS ESPERANÇAS .A VELA QUE SOPRAVA NA SUAS INSISTENCIAS ERA AINDA PROIBIDA .O PAPEL ALVO ERA A ABLUSÃO DE SEU CORPO ,PORQUE O HORIZONTE COMIA A CARNE DE SUAS MÃOS -QUE ERA UM ALGODÃO VERMELHO.EMBEBIDO DA ACETONA DE SEUS ESPASMOS.

O IDILIO DA NOITE CONQUISTADA POR OBUMBROS SILENTES ERA O VEU QUE COBRIA A FACE DO TEMPO DO PENDULO DO RELOGIO NO CORREDOR QUE COÇAVA OS OUVIDOS DO PAPEL.

ELA PAROU DE ESCREVER AOS POUCOS -VIROU AO AVESSO A FOLHA AINDA MORNA ,MAS DOENTE DE MANILHAS MANCHAS.

O ARCADOS DE SUAS COSTAS COMEÇAVAM A DOER E EXAUSTA ERGUEU-SE O COSTADO ESTENDEU AS MÃOS ,AGARROU –SE O ESTRALAR DO PAVIO DO CIRIO SINALIZANDO SEU EPILOGO.AS MÃOS CANSADAS DO TEMPO REPOUSOU NOS SEUS INDUMENTOS BRANCOS E TRANSLUCIDOS.

A EXISTENCIA ERA AINDA PEREGRINA SÓ DAQUELE CIRIO E SUA LUZ ABRAÇAVA TODOS OS ANÔNIMOS NOMES QUE ANOITECIAM NAS CLARIDADES ESCURAS DO QUARTO.

A JANELA ENTREABERTA ESTENDIA PEQUENA FAIXAS DE FINA BRISA NOTURNAS, ENQUANTO ELA RENDIDA AO SONO PEGOU NUM ULTIMO INSTANTE O FOSFORO MORTAL COMO UMA VITIMA DE HOLOCASTO E JOGOU-O NO CHÃO E DEITOU-SE NOVAMENTE E O CIRIO ALINHAVA OS ECLIPSES DAS CAMADAS DAQUELAS CASAS E COM UM HALITO QUENTE UMA AURORA ERA ACENDIDA DEBAIXO DA MORIBUNDA SOMBRA.

QUANTO MAIS IA MORRENDO-A SOMBRA- AOS POUCOS MAIS AINDA A CHAMA CRESCIA –E A PENUMBRA SALTAVA NA PAREDE E SE AJOELHAVA NUMA VENIA DE BRUMOSO ALVOR.

Rafa Lourenço
Enviado por Rafa Lourenço em 17/08/2016
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