O Julgamento

Numa cidade, do Sul da França, havia uma rua muito comprida. Isto no começo do século passado. E nessa rua havia um convento de freiras católicas. Um local muito recluso a todos os que não faziam parte do convento. Nessa rua morava um moço com sua mãe idosa muito doente, a precisar de cuidados constantes.

Todas as tardes o moço passava em frente ao convento para ir trabalhar. Ele trabalhava num cassino, local onde só há jogos. E o moço, como não podia trabalhar em serviços pesados em decorrência de ter um problema no coração, fazia lanches e servia café e chá, ali no cassino, que tinha muitas mesas. E dali ele tirava seu sustento para si e para sua mãe.

Porém, todas as vezes em que ele passava, indo ou voltando do trabalho, em frente ao convento, três freiras falavam: “..Lá vai o desalmado. Deixa sua mãe doente e vai para a pouca vergonha, com mulheres de má formação e embriagados..”

E assim, todos os dias ele era julgado como o mais baixo dos homens. E isto por muitos anos. Porém, num certo dia, todas as freiras que o julgavam desencarnaram, e foram para o plano espiritual. Qual não foi sua surpresa ao verem o moço, também lá no plano espiritual.

Chegou um mentor espiritual que lhes disse: “..Sr. Pierre, entre por aquela porta azul. E as senhoras estão vendo aquela porta preta? Podem seguir para lá que será o lugar de vocês aqui no plano espiritual.”.

Então, as freiras foram tomadas de uma grande revolta e disseram ao mentor espiritual: “O senhor está oferecendo a nós aquela porta? Nós que nunca fizemos o mal, e sempre rezamos muito?” .

Disse o mentor: “Então as senhoras acham que nunca fizeram o mal. E o que fizeram de bom? Nada ! E ainda julgaram o Pierre como um mau ser humano. Portanto aquela porta preta é a de vocês.

Quanto ao Pierre ele fez por merecer um lugar melhor. O lugar em que trabalhou não tinha mulheres, mas só jogos. O Pierre, com o dinheiro que recebia, podia deixar sua mãe, à noite, na companhia de uma enfermeira. Sua mãe nunca ficou só, como as senhoras julgavam. E ainda de manhã, quando ele voltava do trabalho, ele ia até aquela casa de idosos e ajudava os enfermeiros a dar banho nos idosos que não podiam se locomover. Tudo isso por amor ! E ainda trazia muitos pães e bolos que não tinham sido vendidos aos jogadores, no cassino, e os entregava numa casa que cuidava de crianças abandonadas.

E o mentor ainda lhes disse: “As Senhoras acham que eu fui muito benevolente com o Pierre. Mas as senhoras nunca fizeram nada pelos mais necessitados. Um dia voltarão à Terra e nunca mais irão julgar os seus semelhantes. Deixem isso para o Nosso Pai que é bondoso e espera que seus filhos façam o bem, em qualquer profissão que estiverem trabalhando. E nunca se esqueçam disto.”.

Laércio
Enviado por Laércio em 27/07/2016
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