A platéia

Enquanto uma vida pulsa no palco, dando sentido e significado à um momento, muitas vidas se unem temporariamente dando dinamismo e assistência à cena. Como ventos, sem os quais, um barco não sairia do lugar.

Se a luz reside no tablado, as cadeiras margeiam na sombra. A luz projeta e personifica, a sombra interioriza. A luz é agente ativo e a sombra agente passivo, mas sem passividade, pois espreita, segue, se afeta ou se deixa afetar.

O ator é o coração, os expectadores são as artérias. Só há existência de um pelo funcionamento do outro, ainda que seja priorizado o órgão em detrimento do que o faz funcionar.

O ator é lembrança, a platéia é renovação. O ator traz o presente, a platéia expressa o futuro, pois no primeiro há mensagem, no segundo divulgação.

Divulgar e divagar, mas certo que só toca o que não é vulgar ou vaga perdido...Porque a vida como uma peça é encontro e união e seu roteiro lido terá diversas interpretações para cada um que tocar.

Ser platéia não é massa, nem números...antes ingredientes e olhos.

Ela sai do teatro, mas o teatro não sai dela. As cortinas podem fechar e o assento ficar vazio no fim, mas nada no intimo termina e nunca se está no mesmo lugar. Só há vazio no esquecimento e que cada platéia não seja assim esquecida.