GRANDE SENTIDO

A formação pessoal explica muito sobre toda a trajetória de alguém. O que, muitas vezes, pode transformar esse rumo é a visão, a projeção e a compreensão que esse tem do seu passado, presente e futuro. Não é à toa que presenciamos tantas pessoas que se converteram de modo extraordinário em prol de uma nova vivência, em favor de uma expectativa de sucesso e de acertos que se tornaram realidade. É necessária uma coragem exacerbada para atingir certas metas e objetivos na estrada da vida. E por isso é relevante dizer que cada um tem seu limite e sua epifania em um momento inusitado de total lucidez. A partir de então se defini o que se aspira, mesmo que sem grandes estratégias, mesmo que sem grandes estudos, apenas de forma pragmática e empírica. O escritor e compositor musical Victor Chaves nos afirma que a vida é uma trajetória de desafios, que se você acha que a sua vida não está boa por que você encontra desafios demais, então é melhor parar de viver, por que é você que precisa mudar a visão sobre os desafios, pois eles estão aí como um presente, por que a partir deles, e da superação dos mesmos é que vamos nos tornar melhores e até mais visionários.

Alguns querem ter um casamento feliz, querem se dedicar a uma família com base sólida, querem uma carreira profissional de sucesso, querem montar um negócio. Outros querem ser aprovados em concursos públicos ou mesmo construir uma casa no campo para receber amigos e curtir esse aperfeiçoamento de alegria, de amizade e de afinidades com os seus. E tudo pode ser real quando se quer, quando se busca com determinação perseverante e disciplinada. São quereres diferentes, são fins que, por vezes, se chocam, ideias que, de vez em quando, se distanciam. Todavia demonstra-se, assim, que o homem é um ser complexo, um ser plural, mas também único em seu multiuniverso interior. O que vale é saber para aonde se deseja ir, saber a prospecção do resultado que é aguardado, para que, ao final, haja a concretização, se tenha a consciência e o prazer de desfrutar o sabor da chegada. Segundo o grande escritor Guimarães Rosa, a coisa não está nem na partida nem na chegada, mas na travessia.

Muitos buscam o que se chama de felicidade como produto derradeiro de um intento. Não obstante a isso, essa sensação deve estar também no transcorrer, no esquadrinhar e não somente no fim da linha. Segundo o site Wikipédia, a felicidade é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude são transformados em emoções ou sentimentos que vão desde o contentamento até a alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem, ainda, o significado de bem-estar espiritual ou paz interior. Nesse entendimento, não vale parar, não vale se entristecer e quedar-se. Vale sim, refletir cada passo, em cada dia, em cada ocasião, certeira ou evasiva, exitosa ou faltosa. Cada fase é aprendizado, por isso toda hora é oportunidade de se ajuizar para o aprimoramento de como deve ser essa marcha. A sabedoria é ampla e se adquire nesse trabalho contínuo.

O cantor e compositor Renato Teixeira, nos fala na canção “Tocando em Frente” algo que pode nos auxiliar nessa reflexão: “Ando devagar porque já tive pressa, levo esse sorriso porque já chorei demais. Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe, só levo a certeza que muito pouco eu sei, ou nada sei”. O ser humano não é só força, inteligência, mas, sobretudo, vontade de viver, de estar em êxtase, de se conquistar uma paz interior, de se compartilhar uma sensação inexorável de hilaridade e de prazer. Fechar-se, por exemplo, não traz destemor, mas uma piedade alheia. A prisão interior, o isolamento é algo repudiado nesse intento, já que toda vitória é buscada com união, com parcerias, em equipe. Não se pode chegar a lugar algum desse modo, pois não há razão de ser assim. Muitas vezes somente compreendemos isso, quando tropeçamos ou em um instalar de dedos em que os olhos de súbito, se abrem. Alguns somente permanecem parados no tempo, olhando, tentando entender o que pode não ter razão e o que não conseguem decifrar. E completa ainda, Renato Teixeira: cada um de nós compõe a sua história, cada ser em si carrega o dom de ser capaz e ser feliz.

De outro modo, vejamos que tudo pode ser belo e simples, mas mesmo assim andamos armados, prontos para derrubar o que nos vem e dar uma resposta qualquer. Além disso, todos têm um grande sentido, uma razão de existência e de viver! Ficar parado e sofrer não fará ninguém prosperar. Respire fundo, experimente o que há de melhor nessa passagem humana. Vale, sim, saber aproveitar cada instante, por conseguinte aprender a se desencarcerar nessa dança e se divertir com tudo isso. E nada poderá lhe impedir! Há um sonhar, um querer, um lutar para vencer e acontecer! Em outras palavras nos traz o escritor Fernando Sabino que de tudo ficaram três coisas: a certeza de que estamos começando; a certeza de que é preciso continuar; a certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar. Sob tal enfoque, façamos da interrupção um caminho novo; da queda, um passo de dança; do medo, uma escada; do sonho, uma ponte; da procura, um encontro!

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 03/07/2016
Código do texto: T5686467
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