CELULARES, REALIDADE, IMAGINAÇÃO. TRÊS MUNDOS "ÁGUA E ÓLEO"

Recentemente eu li uma redação nela informava que cerca de 82% das pessoas dessa década não tocam a campainha quando chegam na casa de algum amigo, invés disso, enviam mensagens de texto informando que estar aguardando que o anfitrião venha abrir o portão.

Quando li o título desse informativo, passou XX coisas na minha cabeça como vagões puxados por uma locomotiva – um atrás do outro. A primeira era a assimilação e identificação de que eu faço parte dessa porcentagem. A segunda foi a crítica sobre como esse número informado é berrante (!). E a terceira foi a formação de uma opinião base para a formação de um conceito: vivemos como aquele pelo esquecido durante a depilação, como uma ilha bem no meio do oceano.

Em alguns momentos eu esqueço as pessoas que estão ao meu redor, no ônibus, chegando ao ponto de amigos se acomodarem na poltrona ao meu lado e eu não perceber, mesmo com eles lançando informações e gestos para me erguer desse oceano da informação, me tirar da navegação nesse oceano – propriamente dito. Nem preciso explicitar que é por conta de um aparelho de ligações móveis, chamado de celular. E uma coisa mais adorada ainda por mim: fones de ouvido.

Numa época onde eu posso conversar com meu primo nos Estados Unidos, minha irmã no bairro vizinho, marcar uma viagem com meu namorado, organizar uma confraternização no trabalho, praticar minha língua estrangeira com um amigo virtual na Irlanda, ouvir músicas, ser notificado da disponibilização de um novo vídeo de um canal no YouTube, pedir o jantar, ver o preço do smartphone novo, pagar contas, tirar foto do pôr do sol ou de algum “crush” do ônibus e enviar para o Spotted UFRN 2.0, tudo isso em menos de cinco minutos, percebo que realmente entramos naquele mundo tão intensamente que, de fato, parece ser uma EQM (Experiência de Quase Morte). E saímos mesmo!

Tudo certo! Redação completamente lida e compreendida, vista cansada, música chata... Hora de formar o conceito. Antes disso, preciso refletir um pouco, ver as credenciais da minha opinião, das minhas fontes para a formação da opinião. E, claro, passar a música.

Gosto muito de formar imagens, formar pequenos filmes enquanto penso. Parece tudo ficar tão mais real! Penso em pessoas solitárias, como zumbis segurando seus celulares. Lembro de uma frase que ouvi sabe Deus onde; “Pessoas são como engrenagens. Precisam umas das outras para sobreviver”. Imagino engrenagens rolando mundo afora. Me vejo como uma dessas engrenagens. Volto ao meu pensamento enquanto o eu engrenagem desce uma ladeira, E percebo que quando não estou com o celular na mão, eu fico sozinho, pois as pessoas estão ocupadas com seus celulares.

E eu continuo imaginando o eu engrenagem loucamente solto por aí. Sem celular, sozinho, pois nas ruas onde passo, todas as pessoas estão com celulares nas mãos que nem mesmo o diferente – uma engrenagem de um metro e oitenta de altura – andando por aí lhes tiram a atenção. E acho realmente um... um... absurdo! Eu poderia atropelá-los! E eles estão tão desligados desse mundo...

Sem esperanças de que alguém olhe para mim nesse filme da minha imaginação, uma senhora cheia de sacolas se acomoda do meu lado, no ônibus e me puxa para o mundo físico.

Mas, para não deixar alguém curioso... O eu engrenagem seguiu ladeira da Avenida Rio Branco, em Natal/RN, em busca de uma engrenagem que não pense somente em celular. Não viva apenas por celular e para o seu celular, usando-o indiscriminadamente.

Obrigado à Manuela Oliveira por me cobrar novos escritos. <3

Diego B Fernandes Dutra
Enviado por Diego B Fernandes Dutra em 02/07/2016
Código do texto: T5684829
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