Quando ela se olha no espelho...

Era uma noite comum de domingo. Enquanto garotas normais estariam saindo para se divertir, paquerar, se distrair, ela estava no seu quarto, sozinha, tentando se concentrar na leitura, mas tudo em vão, pois está pensativa e apática sem saber direito o porquê.

Nesse dia sua cabeça estava povoada por conceitos e opiniões feitos por uma pessoa que ela só conhece pelo espelho.

O fim de semana transcorreu igual os outros.

Acordou na segunda-feira bem cedo, como sempre faz. E como de costume tomou o banho matinal para despertar completamente antes de preparar o café. O dia estava começando e ela preparava-se para enfrentar todos os problemas, estresse e pequenas conquistas do trabalho e estudo na faculdade.

Ela imaginava que com um trabalho normal conseguiria se sentir mais segura de si, mas as dúvidas só aumentaram. Pensou que conseguiria acalmar os seus pensamentos, mas tudo em vão. Grande ilusão. Veja bem, a vida dela não é ruim. É só comum. Ela não é uma pessoa ruim. Tem altura mediana, 1,70. Seus olhos são comum, castanhos escuros. Seus cabelos não são tão compridos e nem tão cacheados como o daquela atriz famosa. São indomáveis como sua personalidade. Eles se autocompensam: estão abaixo dos ombros e não possuem cachos perfeitos. Pensando bem, são uma bagunça que ela insiste em passa a mão.

Ela não gosta de passar muita maquiagem, pois leu que maquiagem envelhece e ela não tem a menor pretensão de parecer mais velha. Nem roupas chiques e da moda e nem grandes joias que chamam a atenção.

Uma vez ela leu que vinte é a idade do meio: não és nem mais menina nem uma adulta. A metade da cabeça fica completa com as experiências de adolescente e a outra tenta, desesperadamente, preencher o resto da nossa felicidade. Seja com sonhos inalcançáveis, seja com planos e realizações que só permanecem em sua mente.

Ela é uma garota ao meio, em vida, pensamento, aparência, realizações. Ela é meio parecida com as garotas que meio que se sentem assim. É diferente delas também em alguns aspectos. Ela é muita, diante de todas as outras metades.

Ela se encontrou no mundo real. A rotina quase frenética a levava ao cansaço extremo. Deixou de ser tão sonhadora, com a cabeça tão avoada. Firmou os pés no chão. Não que antes ela era uma Carrie, a estranha. Não é isso. Digo isso, pois, assim como tantas outras, ela se olhou no espelho e se pegou perguntando porque não era bonita como as outras, porque seus seios não eram maiores e firmes ou as pernas mais grossas e o bumbum empinado? (Porque tem preguiça de malhar e nem tem dinheiro nem coragem de fazer cirurgia plástica). Por que seus lábios não eram carnudos e seu cabelo de um liso perfeito? Por que não ela não poderia ser normal? Ser igual a todo mundo (nem adianta dizer que ninguém é igual a ninguém, pois é um clichê para que aquele que é diferente se sinta relativamente normal e aceito, mas a igualdade – ideologias – é o que mantém a coletividade, algum ponto tem que ser homogêneo, mas deixemos de isso para a filosofia ou o que quer que seja que analise essa questão).

Eu digo isso para ela porque, elas, as garotas lindas, não são assim, nem sempre são o que aparentam ser. Por isso, ela não pode querer ser o que não é. Afinal, ninguém é feito de inteiros. Elas são um experimento da beleza. Ela não é assim. Não condiz com o que ela é. Ninguém é tão lindo quanto o seu próprio espelho. Se sentir bem e se ver bem andam juntos sim. Se ela ainda não encontrou sua metade no espelho, é porque se recusa a enxergar. Só que não é um problema de visão, mas de consciência, que grita, inconscientemente, para ela desviar o olhar. Ela é linda assim pela metade, com sobras e faltas. Porque gente inteira, só no coração mesmo. A única coisa que deve ser inteira nela é a vontade de ser melhor a cada dia como pessoa que encanta e conquista. Não só os corações, mas os seus objetivos.

Ela não tem que ser linda até amanhã. A real beleza não tem prazo de validade. Ela é linda e não consegue enxergar o seu potencial. Se volte para o espelho e se ache. Verá que pode se surpreender se se permitir ao menos uma vez na sua vida.

Para quem ler, posso fazer uma perguntar sincera?

E a resposta também tem que ser sincera. Rs

“O que você enxerga quando se olha no espelho?”

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 25/06/2016
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