"O Pop não poupa ninguém!".

Na faculdade costumava dizer que a banda Engenheiros do Hawaii (EngHaw) tinha muita filosofia, mas no decorrer das aulas de filosofia percebi que não, as músicas dos EngHaw são poéticas não se trata de filosofia, pois há muitas "verdades" em suas letras, e a filosofia acadêmica não suporta "verdades", lá se aprende a não sair do "texto" e geralmente não há vidas em "textos" acadêmicos, mas a minha intenção não é negar o rigor da filosofia, digo, dos acadêmicos, minha intenção é exaltar a beleza da poesia, o seu frescor e a sua brisa.

Outra coisa que costumava fazer na época da faculdade era beber com os amigos e lembro de que antes de tomar o primeiro gole fazíamos um brinde, não era uma regra, mas vez ou outra eu dizia "um brinde aos poetas que são livres!", ah, nunca imaginei que essa liberdade poética fosse tão rara, confesso que sou um fracasso na minha vida acadêmica, fracasso devido a minha aspiração poética, e aspirando ser poeta, mal consegui me tornar um filósofo.

Enfim, percebe como eu me perco? Saí do texto, um texto simples, sem normas da ABNT, sem necessidades de citações, referências bibliográficas, no entanto, ainda assim, num mero texto de Facebook (que quase ninguém lê) eu me perco. Triste ter esse desvio intelectual. Fazer o quê? O texto continua...

Falava dos EngHaw, de que há muitas "verdades" em suas letras, mas dizer "verdades" num mundo relativista como o nosso, é um pecado, uma blasfêmia, os inteligentinhos odeiam "verdades", isso "verdades", aquelas do dia a dia, aquelas que o leigo sabe, e o culto finge não saber, sabe aquelas picuinhas que estudantes gostam de aderir pra se "sentirem" acima do senso comum? isso! Eles pensam que estão acima dessas "verdades", sabe aquela que o bêbado canta na esquina sem requerer direitos autorais, aquela que o idoso diz pra uma criança na praça, aquela que o palhaço diz e todos riem, aquela que o violeiro toca enquanto ganha uma moeda na porta do metrô, aquela que o vendedor ambulante usa para atrair clientes? Ah são tantas "verdades" e eles (inteligentinhos) querem estar acima, ah que inveja dos poetas que são livres para escreverem sobre essas "verdades", pois aqueles, isso, os inteligentinhos, adoram dizer que os poetas, assim como eles, estão acima, mas mal sabem eles que os poetas estão é lá embaixo, isso, com o bêbado, o idoso, a criança, o palhaço, o violeiro, o vendedor ambulante, ah o poeta é dos nossos, vive aqui, como a gente, povão do "senso comum", pessoas com os pés no chão.

Vixi!!! Me perdi de novo!

Na verdade só queria dizer que a frase "o pop não poupa ninguém" diz muito sobre nós e eles (inteligentinhos), pois essa frase diz "verdades" que nós muitas vezes não admitimos, e eles, ah eles nunca admitirão, que não importa a sua "vibe", a sua religião, seja você um hippie, um "espirituoso", um filósofo, um pastor, um padre, um fodão, enfim, nessa história que escrevemos (e vivemos) somos marionetes de algum sistema, seja qual for a sua onda, há "produtos" disponíveis para você, seja você um socialista, comunista, capitalista, "idiotista", não importa, a "verdade" gessingeriana é essa "O pop não poupa ninguém!"... mas calma amigo, você tem uma escolha, e essa "verdade" também é dita numa música dos EngHaw: "a única escolha que temos é a forma de pagamento". Boas compras!

"Ninguém é mais escravo do que aquele que se julga livre sem o ser."

Goethe

Luciano Cavalcante
Enviado por Luciano Cavalcante em 24/06/2016
Reeditado em 24/06/2016
Código do texto: T5676881
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.