Infinita Mente...

A profundidade de um segredo se compara com a sua importância e com a dificuldade de expressá-lo. São coisas importantes demais para serem traduzidas, pois as palavras as diminuem, transformam o que antes era Ilimitado dentro de você, em coisas normais, quando são ditas. A linguagem humana não fora feita para transcender, assim como um uivo jamais poderá traduzir uma sinfonia. As coisas mais importantes do mundo estão guardadas bem perto do coração, ali, ao lado dos segredos mais valiosos, que os seus inimigos adorariam encontrar e destruir. E quando você fala sobre elas, as suas lágrimas descem, como se uma intermitente chuva de granizo caísse indócil em seus olhos abertos. E as pessoas lhe olham sem entender nada, porque os seus corações habitam lugares outros, que não o seu, e não entendem a importância do que fora dito, que de tão importante era para você, que você até chorou enquanto dizia. Mas não é na dor que está a lágrima que desce, mas no segredo que ficou guardado lá dentro, não por falta de um narrador, mas de alguém que o compreenda...

Transformar a vida numa fábula verdadeira, de forma que ela possa fazer sentido a quem ouvi-la, é como chegar a um deserto e convencer o seu ressequido povo de que do outro lado do mar salgado existe uma terra deslumbrante, onde o chão forra-se de esmeraldas, e um néctar fresco e doce sobe do chão pelas árvores e é oferecido a qualquer um que quiser pegar. É como tentar transformar um adulto em uma criança, e convidá-lo a entender que a noite é sim, uma caixa de joias, e que foi aberta por uma princesa para iluminar a sua tenda já há muito escura.

Mas o coração humano está trancado em si mesmo, dentro de uma casca inviolável. Não lhe interessa néctares e nem esmeraldas, que não sejam apenas para si. Aguarda-se que uma luz cruze os céus e venha libertá-lo do mundo e de si mesmo, e não entende que cabe é a ele libertar-se do eterno naufrágio que ele mesmo se infligiu.

Conquanto, a estrada é longa, e ainda que tudo pareça solidão e tudo pareça estar perdido, ele segue, rumo ao horizonte. Não há outro lugar para ir, e ainda que tome outra direção, sempre seguirá rumo à mesma aurora, pois não fizestes do mundo uma esfera por simples acaso, pois que em todas as direções de uma esfera há um horizonte. E pela mesma razão, não fizeste a noite revezar com o dia, em trevas e em claridades, e nem o sol morrer e nascer, cada dia por sua vez, e nem a lua minguar e ressurgir exuberante, em suas fases necessárias, sem um motivo. Há motivo em tudo, nada há de inútil, e todas as coisas nos contam histórias, à sua maneira.

Há símbolos e segredos em todos os lugares, para aqueles que sabem olhar. Então, um dia, uma voz vem carregada pelo vento e sussurra, às vezes no ouvido, às vezes no coração, e diz: Não é o narrador que importa, mas o ouvinte.

O Ser é que cria a experiência. O espaço, altura, largura, distância, paredes... Nada disso existe! São meros artifícios para a experiência. O que há, na verdade, é uma rede realmente infinita de pensamentos que se entrecruzam, cada um percebendo o seu próprio, e aquele que pode compreender.

Olhe lá fora para o seu mar... Ele foi uma criação mental um dia, de um Ser que achou interessante aquela formação. Outro Ser, então, percebeu a "imagem" criada, achou-a interessante, e a incorporou a si mesmo, passando a compartilhar com o "criador" original, aquela "imagem" marítima. Claro que ele acrescentou algumas coisas pessoais a esta imagem agora compartilhada... como nuances de verdes e azuis.

Uma outra entidade então, vendo o que as outras duas compartilharam, resolveu participar também... acrescentou marés, a sensação do molhado, o som gutural das ondas... Outras vieram, e cada uma acrescentou de si, algo que lhe agradava: peixes, algas, uma praia... E assim, dividiam entre si a experiência sensorial e mental, vibrando na mesma faixa, percebendo uma mente o que a outra percebia. Pois tudo é mental. E você mesmo se divide em dois, ou em três, às vezes, se perceber bem... E assim, tem criado vocês mesmos a sua própria realidade.

Isso foi há muito tempo, em seus termos. Tempos imemoriais demais para relatar. Essas entidades alçaram voos maiores, criaram outras realidades inexprimíveis das quais compartilham agora entre elas. Realidades impossíveis de descrever para você.

Mas vocês, enquanto fragmentos mentais dessas entidades ancestrais, percebem o que elas deixaram para trás. Porque vocês mesmos são partes delas. Filhos de um sonho. E como aprendizes, um dia vocês mesmo criarão as suas próprias realidades, e encontrão aqueles que desejarão partilha-las com vocês. Até que um dia, fragmentos de seus próprios pensamentos criarão consciência, e experimentarão os sonhos que vocês mesmos deixaram para trás, ao alçarem novos voos.

E assim caminha a eternidade, em ciclos. Criadores e criaturas. Numa onda infinita, onde a única diferença é aquilo que se pode e se quer perceber.

O estado de ser, É. Ele não precisa da matéria para existir. Ele existe por que ele É. Todo o resto é derivado, porque nada existe sem uma vontade, e para ter vontade é preciso Ser.

Só alguém que É pode expressar-se. E a expressão em seu mundo traduz em som, em ondas. E o som, por sua vez, em palavras. E a alma da palavra, aquilo que a ela imprime movimento, chama-se Verbo.

Verbalizar é emitir uma vontade em ondas. E é em ondas (vibrações) que um pensamento atinge o outro. E assim que você se identifica com o outro do lado de cá.

O seu ego é só um artificio, usado pela mente para especializar a experiência. Como quando você fecha um olho para mirar melhor com o outro, antes de lançar a flecha. Se você visse a verdadeira realidade do que te cerca, ficaria extremamente desorientado, e de nada serviria a experiência de nascer e viver em três dimensões. Dia virá em que coisas serão reveladas outra vez. A humanidade partirá de novo para novas percepções. Aqueles que estiverem prontos. Mas o ego de muitos está viciado, não viveriam sem esse mundo de ilusões. Para esses, bastam que as ondas se arrebentem nas pedras, e os homens se arrebentem nas ondas, desde que sejam saciados em seus instintos mais básicos. Eles ficaram aqui ainda, por muito tempo em seus termos. Esse mundo como está basta a eles, chegam mesmo a se regozijarem com a violência, a ganância, a desordem. Vibram na mesma faixa, como dizem.

Alguns, alçarão seus voos. Levarão daqui a experiência para fazerem coisas melhores, e não repetirem o que viram de pior aqui. Essa é, em essência, a ideia e a resposta que muitos se fazem na tentativa de entenderem, o porquê de estarem aqui. Não há como descrever, numa linguagem que possam entender, a luz e a pujança que resplandece em realidades assim...

Ah, e eu, que já fui mais longe do que muitas pessoas por um determinado caminho. Já conversei com Mestres em um outro mundo. Já vi – embora de longe – Seres Celestiais, grandes formas flamejantes, cuja beleza enche a alma com um anseio angustiante. E, no entanto, não fôssem pelos meus registros, as abençoadas palavras escritas – que asseguram a permanência, mesmo que elas disfarcem e destorçam e falem inverdades – não fosse por elas, existem momentos quando eu deveria duvidar de tudo; sim, mesmo da realidade dos meus mestres. É tão duro matar o cético em mim, e nem eu quero isso completamente; pois o ceticismo é muito útil como uma ajuda para preservar o equilíbrio mental. Enquanto eu puder me comportar como uma pessoa normal e confortavelmente tola, não importa... embora eu seja realmente maluco, como o notório Chapeleiro de um conhecido conto infantil...

Os caminhos dos Seres Celestiais não são os caminhos dos mortais. Quase vinte anos se passaram desde que me encontrei pela primeira vez nesse caminho. Vinte anos! E eu era uma criança... Parece um longo tempo para mim que espero; porém pode ser apenas o equivalente a poucos segundos na existência estranha, incompreensível, “atemporal”, daqueles que se encontram no mais profundo do meu ser. No entanto, embora eles não estejam aqui agora, eu tenho a sensação da proximidade. É como se morássemos na mesma casa juntos, mas em quartos separados. Nenhum som pode penetrar naquelas paredes, nem existem janelas, mas mesmo assim eu sei que eles estão lá. Sou livre para entrar, se eu conseguir resolver o enigma da fechadura complicada da sua porta, mas para fazer isso eu preciso compreender sobre o Tempo e a Quinta Dimensão. Posso somente esperar e ter esperanças... Um dia a porta talvez se abra e eles apareçam do seu longo isolamento para o mundo, e tornem seus desejos conhecidos. E então, todos ouvirão as suas vozes e verão a calma de seus rostos sábios.

E sobre a Última Viagem? Não há nada a temer. Esteja certo disso! O terror não está em nós, mas somente no corpo – o pobre, frágil, parte animal, tão cansado, porém temendo sua iminente dissolução. Nós nos levantaremos daquele último sono assim como de algum sonho meio lembrado de aflição e sentiremos aquelas formas assombradas escorregarem para dentro da noite que agora é passado. Sim, jovens e fortes novamente, ficaremos em pé eretos na aurora encantadora da nova vida, e estenderemos nossos braços-espíritos para saudar a glória do sol nascente. Ah!... E que Sol!

Você se vê como um corpo. Delimitado no espaço e no tempo. Mas o mesmo fenômeno de se ver em algum lugar é muito ligado à noção de estar ciente de algo. Estar ciente é estar consciente...

Ser consciente então é apenas saber estar em determinado lugar, em determinado tempo... Tire o lugar e o tempo, e fica apenas o "saber". O saber independe de lugar e tempo. Na verdade, como visto, lugar e tempo é quem dependem do saber.

Então, você sabe. Você é um ser senciente, e usa diversos meios para se "localizar", meios que chama de sentidos. "Aqui", na terra, você acha que tem cinco deles, embora sejam mais, mas vamos deixar por isso.

O que queremos dizer, é que não existem lugares como céu e inferno. Lugares geográficos, quero dizer. Eles estão dentro de você! É a sua consciência que cria o mundo, e em massa, vocês criam todas as situações cotidianas pelo que passa o mundo. Todas as mentes, estão interligadas num lugar profundo, que costumam chamar de inconsciente coletivo. Mas, é esse tal "inconsciente coletivo" que chega mais perto daquilo que chamam divindade. Pois é nessa energia mental atemporal que está concentrada todas as memórias, conhecimentos, experiências e vivencia de cada ser que já passou pela terra, até a menor frase ou ruido já dito por um deles. É a fonte universal, de onde você veio, para onde você vai, e invariavelmente, de onde absorve todas as características que fazem de você quem você é. De um ponto de vista mais distante, este consciente coletivo é um único ser. Assim como você parece ser único, quando visto de longe, em relação às células de seu corpo. Mas, visto de perto, como eu posso vê-lo agora, você é um número absurdo de células e moléculas, e cada uma delas tem a sua função e mesmo a sua própria personalidade. Elas trabalham em conjunto, mas são indivíduos que conhecem cada um o seu trabalho, assim como você.

O universo é mental. É Pensamento. Uma vontade de sentir com ação própria, criando o seu próprio meio. Diante disso, há universos incontáveis e inimagináveis, se você puder alcançá-los. Vai por mim, essa cadeira onde você se senta, não existe. Ela não existe por si mesma, ela precisa de você para existir, para dar sentido a ela. Sei que, no fundo, sabe do que estamos falando, pois você guarda essa informação no fundo de sua alma, num outro sentido do qual não fala muito, e que costuma chamar de intuição. Aquela voz distante, que fala do fundo de sua alma, e às vezes até grita, na esperança de você ouvi-la.

Lembre-se. As estradas não existem, se você não existir para trilha-las. Elas nem teriam um nome, e elas nem seriam estradas, sem você para dar-lhes nomes e significados. O ser humano é psíquico, uma entidade mental que nada tem de material. A matéria é uma criação sua para fixar a orientação dos sentidos, um estratagema do espírito, que precisa se focar num determinado assunto, em detrimento de outros. Vai por mim... na sua forma espiritual, a sua mente é inquieta, em um segundo todos os assuntos e experiências do universo passam por você, e você dedica toda a sua atenção a cada um deles. Em um segundo, você é você, e mais um sem número de entidades vivendo experiências das mais diversas possíveis, criando ideias e compondo músicas, regendo orquestras e atravessando séculos, e dando atenção a cada um desses detalhes, ainda que inumeráveis! Mas aqui, você veio focar num único quesito, numa única realidade, aprender dela o que lhe falta. Aqui você é apenas um dedo, que se mete dentro de um bolso escuro a procurar uma chave, e por isso deve concentrar-se nessa ação. O resto do corpo está lá fora ainda, em suas outras atividades.

E então, que diabos eu venho fazer aqui? Quebrar a regra? Já que a regra é viver focado na matéria para aprender ou encontrar o que falta... Não é bem assim. Não existem regras, não seja tão rígido em seus conceitos. Você não está no exército! Você veio aqui porque você escolheu... e alguns de vocês, sentem-se cansados às vezes com a natureza dessa realidade. Querem escapar dela, ainda que por breves momentos. Muitos fazem isso da forma errada, prejudicial a si mesmos e aos outros. Sabem do que estou falando, drogas e afins... Você tem todo o poder para fazer isso por si mesmo. Mas fica a pergunta: Você pode viver sem o seu ego? Sem a noção enraizada que a sociedade imprimiu em você, de sucesso, carreira, reconhecimento, status, luxo, competição? Porque ao abrir a sua mente para o novo, essas coisas não farão mais sentido para você. E vai estar mais para um eremita que vive no alto da montanha, do que para um bom cidadão engajado no dia a dia, como mais uma engrenagem da grande máquina social, que veste o seu terno todo dia de manhã e passa pasta no cabelo só para impressionar os outros a sua volta sem se importar com valores essenciais. Sejamos realistas... A sua sociedade quer que você nasça, reproduza, Gere Lucro e morra. Principalmente morra, para não ocupar muito espaço. Ela não quer que você saiba nada sobre eternidades, estradas infinitas, espiritualidade... a menos que isso o transforme num cordeirinho amestrado. Essa coisas tiram o seu foco do que realmente importa para eles, a sustentação do sistema. Você não se importaria tanto com o lucro, ou com o que os outros pensam de você, se você tivesse a Certeza de que há outras coisas maiores e melhores te esperando além. A espiritualidade atual capitalista deixa a dúvida no ar, e de uma forma bem oportuna, tornou-se apenas uma forma de escapar do fogo do inferno, desde que você pague bem por isso, de uma forma ou de outra, com valores monetários ou com fidelidade. Duas, das três coisas capazes de gerar uma guerra. Você paga para rezarem pra você, para casarem você, para uma cerimônia qualquer, e até pra morrer! O Criador não precisa do seu dinheiro, já parou pra pensar nisso? Talvez não, está condicionado demais... Garanto, que se você empregasse o seu dinheiro para ajudar o próximo ou erradicar a miséria do mundo, seria muito mais útil a ELE.

Algumas pessoas me perguntam se algumas coisas que digo são verdades. Então, eu preciso explicá-los que o conceito da verdade é relativo, como tudo o mais o é. Primeiramente, num universo em constante construção, inclusive o universo mental humano, nada pode se cristalizar. Cristalizar algo é limitá-lo, diminui-lo, e nada pode ser paralisado. Quando vocês usam a palavra "verdade", vocês procuram delimitar algo num conceito fixo, e se esquecem que o "universo" se move lá fora, e o que nos mantem alertas é justamente o movimento das coisas. Os seus cientistas já aprenderam que tudo é relativo. A matéria pode mudar de forma e energia de acordo com a forma com que é observada. Aliás, ela só existe relativamente ao observador. Os seus filósofos já sabiam há muito tempo que tudo se relativiza, nada é absoluto... de acordo com o significado que vocês dão à palavra "absoluto". Mesmo vocês, sem perceberem, agem muito aquém do conceito verdade que tanto prezam. As ações humanas são baseadas na imaginação, crença e fé, e não na observação objetiva - os políticos sabem bem disso e usam contra você. Você é muito mais movido pelo que você acha que é certo, verdadeiro, do que pelo que realmente "é verdadeiro". Então, onde está verdade nisso tudo?

Muito do que foi tratado como verdade tempos atrás não é mais agora. E muito do que tratam agora como verdades absolutas, não o serão mais adiante...

Cada religião, seita, ou segmento de crença tem a sua verdade, e tratam como mentiras a verdade da outra. Onde está a verdade? Nos números? Há contradições enormes neles. O zero, por exemplo, é motivo de controvérsias colossais. E de novo lhe lembro, o universo é tudo, e não nada.

Como podem pretender conhecer a verdade ou a mentira e dar significado universal a elas, se elas foram palavras e conceitos criados por vocês? Em outros mundos, onde a consciência não se comunica por sons, mas sim por conceitos extremamente abstratos para que possam conceber, o significado de verdade sequer é cogitado, pois nada lá é fixo ou absoluto. O que há de verdade num sonho? E ainda assim, quando sonhas, isso lhe faz diferença? Num sonho, uma ponte enorme está lá agora, e logo depois desaparece, ao bel prazer do significado do seu sonho, e o que isso lhe importou naquele momento?

Aqui é a mesma coisa. Posso lhe garantir que quando você pára na beira da praia para observar o mar com alguém, não é o mesmo mar que veem. Então... o que querem dizer com a palavra verdade?

Se com verdade pretendem dizer: "uma lei que orienta corretamente numa direção", então existe uma, desconhecida por vocês agora. Ela é universalmente seguida, e mesmo assim não é cristalizada, está em constante evolução. Ela fala sobre tratar os seres conscientes de uma forma nobre, amorosa e justa. E como dito, essa vocês ainda não conhecem.

Você pode ou não gostar de flores. Você pode gostar de um tipo de musica, que uma outra pessoa pode achar ser de um gosto bastante duvidoso. Qual dos dois tem a verdade disso? Você pode amar algo que uma outra pessoa odeia... É assim o seu mundo, a urdidura de seus comportamentos raramente fugirá disso. Embora desfrutem de uma origem comum - você, os animais e as plantas - observe o feto de ambos... e as organelas sexuais das plantas, semelhante em tudo, às suas - e vai entender... O ego humano luta contra a maré para se autoafirmar, para se individualizar, negando unir-se ao todo.

Quando eu surgi, em tempos imemoriais, impossíveis de descrever de uma forma linear que faça sentido a você, eu vivi uma experiência que definiu quem eu viria a ser em todas as noites e dias dos tempos. Tempos que não existem, e acredite, longos demais para se expressar. Paradoxo, não?! Você não faz ideia...

Foi um evento, onde eu, ainda um ego em formação, decidi atravessar a existência da consciência em harmonia com o Universo. Eu aprendi a amar demais todas as coisas, para fazer diferente disso. Quando se olha para a criação de um ângulo em particular, há coisas que não se pode ignorar e você aprende a admirá-la, a respeitá-la, e a por isso mesmo, honrá-la. Eu precisava deixar o melhor de mim por onde passasse. Mesmo eu sabendo que seria curta demais a minha estada. Mesmo eu sabendo que ela não seria notada. Você pode ou não, gostar de flores.

Em nenhum momento no tempo eu fui um deus, ou um mártir, ou alguém que a história do homem sentisse necessidade de guardar em seus estranhos meandros. Tais coisas não existem, e no fundo, são só invenções de egos egocêntricos, redundante assim. Por todos os "dias" da minha existência eu escolhi ser um simples ser que passasse despercebido. Como uma lufada de fumaça. Como um humilde andarilho na estrada. Como a folha que o vento leva. Há tesouros escondidos em todas essas coisas. Há uma nobreza e uma honra desconhecida dessa humanidade na pobreza e na humildade. Não, é claro, na subserviência ou no conformismo. Um espírito que vive uma vida simples traz de volta consigo uma grande fortuna. Vencer uma vida de privações com brio e galhardia não apenas te enche de satisfação ao libertar-se da matéria, como o faz ser recebido por trombetas brilhantes ao retornar pra casa. Pois o homem pode ser o que ele escolher ser. E escolher não ser nada é para poucos espíritos. E você nunca se esquece disso. Fui uma mulher um dia, extremamente pobre, numa região esquecida de sua querida Terra, uma crosta de pão era mais deliciosa para mim do que qualquer pedaço de bolo, embora bem glaçado, que já pudesse ter existido nas vidas anteriores.

Quando os meus filhos riam eu era dominada pelo deleite e, apesar de nossas privações, cada manhã era uma surpresa triunfante porque nós não tínhamos morrido em nosso sono, por não termos sucumbido à fome. Escolhi aquela vida deliberadamente, como cada um de vocês escolhe cada uma das suas, e fiz isso porque minhas vidas prévias tinham me deixado muito entediado. Também fui muito mimado. Eu já não focava com claridade nas delícias físicas verdadeiramente espetaculares e nas experiências que a terra pode prover.

Embora eu gritasse com minhas crianças e às vezes gritei com raiva contra os elementos, eu fui golpeado pela magnificência da existência, e aprendi mais sobre a verdadeira espiritualidade do que já fiz como um monge. Isto não significa que a pobreza conduz à verdade, ou que o sofrimento seja bom para a alma. Muitos que partilharam destas condições comigo aprenderam pouco. Isto significa que cada um

de vocês escolhe essas condições de vida que tem para seu próprio propósito, sabendo ao longo do tempo onde repousam suas fraquezas e forças. Na união das minhas personalidades, como, em seus termos, eu vivi mais tarde vidas mais ricas, aquela mulher estava viva novamente em mim, cheia de gratidão, e um bolo glaçado era pra mim algo muito maior, do que era para um nobre amigo meu, que o trataria com absoluto desprezo, como se fosse mais um pedaço em sua manhã abastada. Aquela mulher ainda esta viva em mim, me agradecendo por cada momento feliz da minha vida, por mais simples que fosse - como, por exemplo, a criança está viva no adulto, e cheia de gratidão comparada a circunstâncias posteriores às existências iniciais. Ela me impulsionou a usar melhor minhas vantagens.Não dar atenção demais a si, te faz dar atenção às outras coisas. Ao misterioso mundo que te cerca.

Todos são no mundo o que escolheram ser, embora tenha se esquecido disso. O que você sente ao ser o que você é agora, ai é com você. Se você sente orgulho em ser mau, ou vaidade em ser bom... cada um trás consigo o seu próprio sentimento, e é isso que define o que você de fato é. Isso é o que definirá quem você virá a ser quando dobrar a próxima esquina da realidade, depois dessa esquina não existem simulações. Nada de depósitos na conta do altíssimo, nada de rituais ou sacrifícios egoístas para beneficiar a si mesmo. Assim seria fácil e simples demais. É a flor que você deixa no caminho. Imagine, pois, uma longa estrada ... imagine-a agora, seca e vazia. Apenas poeira e pedra. Quão difícil será andar por ela... Mas, agora, imagine-a margeada de árvores, flores e arbustos, tudo a colorindo de verde e vermelho, nuances de azuis e amarelos. A brisa fresca dos ventos, e então... as pétalas e flores subindo ao sabor da brisa. Se foi ti que deixou essa estrada pra mim, então eu te agradeço. Eu ouço essa voz no eco da minha existência. Eu deixei algumas estradas assim. Precisava ser melhor do que as encontrei.

O humano reluta em ser bom para o outro. Quer ser bom apenas para si mesmo. Mas, sendo bom para o outro, estará sendo para ele mesmo.

A Terra corre o risco de ser uma estrada seca e estéril. E quem caminhará nela não será apenas o filho do outro. Mas o seu filho, o seu neto, e os filhos dos seus filhos, e talvez, você mesmo.

Um homem que nasceu em 370 depois de Cristo, é deca-avô de metade da humanidade. Você é descendeste dele. Você, e aquela pessoa que você ignorou na esquina. Vocês são sim, parentes, embora o seu ego irá negar isso até a morte. Eu disse é claro, de uma maneira simplificada para que pudesse entender.

Eu não sabia... mas quando eu decidi semear flores eu só as encontrei, de formas e variedades que eu não sabia existirem. Senti-me estranho e sem jeito, pois eu resolvi doar um pouco de mim, mas ganhei tanto de tantos outros. Quando andei nu uma vez na estrada, e o frio procurava me destruir, choveram flores e me vestiram, e talvez você ache isso um absurdo, ou estranho, mas em muitos lugares isso ainda é possível. Aqui mesmo foi um dia, neste planeta, antes da frieza do homem o esfriar e congelar.

O mundo já foi melhor, e mais flexível e já houveram mais flores pelo caminho. O homem olhava mais para dentro de si, os sonhos eram reais, antes do brilho do "ouro" fixar o seu olhar para fora. É preciso olhar para dentro às vezes...

Entendem agora, a saudade que sentem, inexplicável eu sei, de uma coisa que parece que perderam sem saber dizer direito o que é?

Estão correndo atrás da riqueza errada. O que é valioso de fato raramente brilha. Passa despercebido, só olhares sensíveis podem entender, e seguir.

Flores não são objetos. São dádivas. Flor vem da palavra brilhar! Flores e frutos são presentes das árvores e dos homens. Surgem de dentro, observe. Seu filho é um fruto seu, ele veio de dentro. Saiu de uma flor. E logo, você também! Lembra que tudo são símbolos? Tudo tem um recado para você?

O que é bom vem de dentro. Tudo o que está fora é apenas uma tola e simples ilusão pra te distrair. Não deixe o melhor passar...

Estrada infinita, diante de mim;

Traze-me um campo de lírio e jasmim...

Que os horizontes se abram, infinitos, sem fim...

Para que eu jamais me esqueça, por onde e por quem eu vim.

Aqui, tudo não passa de uma tola distração!

De coisas bem feitas, para enganar o coração...

Palavras são pobres e simples demais;

Nada podem traduzir, nem de menos nem de mais.

Que eu finalmente me encontre, no cruzamento final!

Em busca daquela resposta do bem e do mal...

De que é feita a essência, o coração da humanidade?

Que seja de sonhos e esperanças, tudo! Menos maldade...

Fica então um rastro de esperança;

Como um cometa no céu, um vestígio de lança...

Que de cima observa, na doce lembrança...

De que nada morre, só se torna criança.

London
Enviado por London em 23/06/2016
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