A virtualidade é uma máscara

A virtualidade é uma máscara

Tereza Freire

Pergunto-me se as pessoas utilizam a internet para ser o que não são. E no anonimato da irrealidade comprovada uma pessoa pode ser o que gostaria de ser, pois a vergonha, o medo, a falsidade, o divertimento impedem que seja verdadeira, sincera e honesta.

Deparei-me com uma situação desta. A virtualidade virou espaço de convivência diária, duas vezes ou mais por dia. A convivência virtual alcançou um nível de conhecimento um do outro que às vezes não se realiza na presencialidade. A troca de opiniões, pensamentos, visões de vida e futuro. A conversa à vontade transformou o contato em diálogo de companheiros, de amigos. À vontade ? Talvez porque seja na virtualidade. Este ‘estar à vontade’ se repetiria na presencialidade ?

Então me pergunto: até que ponto a virtualidade substitui o contato pessoal ? Muitos diriam que isto é impossível. Outros diriam que pode ser um complemento. Eu, anteriormente diria que não é o tipo de relacionamento ideal e que o contato virtual é para conversas eventuais, para substituir o contato telefônico, mas que não é base para manter um relacionamento.

Hoje, eu diria diferente. Aliás, eu digo que o interesse de uma pessoa por outra pode se sustentar com a virtualidade. Serve para tornar presente o que é distante. Quando há interesse verdadeiro não importa a distância. Alguns casos reais que ouvimos, que ficamos sabendo comprovam este fato. Entretanto, é o suficiente ? Não, não acredito. Eu acredito que precisa haver o contato físico, o olho no olho, as mãos dadas, o rir junto, o passear, o conversar, o trocar ideias. Que não precisa ser todo dia, mas que seja de vez em quando esta presencialidade. Um dia, dois ou três dias. Não é a quantidade que define a qualidade. Neste caso, é a intensidade.

Na virtualidade vale tudo, dizem muitos. A palavra mansa que acaricia, que aprecia, que elogia, que encanta, que cativa. Mas, que não tem este reflexo na realidade. Pode ser falsa, para distração, para galanteios vazios. Pode ser a projeção de algo que gostaria que fosse, mas que não pode ser porque as circunstâncias da vida, às vezes, não permitem.

Se a virtualidade é máscara, o que mascara? A vontade de ser aquilo que não consegue ser, de fazer algo que se sente incapaz na realidade, de dizer algo que falta coragem dizer olho no olho, de opinar por medo da reação, de discordar porque não tem coragem de fazê-lo ao vivo, de defender o que não consegue na frente de outros, de se expor, de se arriscar na vida real?

Então, a virtualidade surgiu para esconder o que não se quer que o outro conheça ? Para esconder o que não se quer que o outro saiba ? Entenda ? Acompanhe ? Goste ? Surgiu para facilitar os relacionamentos ? Para propiciar um relacionamento ideal quando a realidade não é ?

Para aproximar ? Ah! Quantos encontros realizados, quantas descobertas, quantas amizades, amores ..... Ah! Quantos amores nascem nesta virtualidade. Ah! Quantos desencontros acontecem nesta virtualidade !

Mas, afinal eu lhe pergunto: vale a pena a virtualidade ? E você vai responder de acordo com o que ela lhe presenteia ? Ou você será analítico, racional, objetivo e prático na sua resposta ? Ou você poderá responder ........ como você poderá responder ?

Tereza Freire
Enviado por Tereza Freire em 11/06/2016
Código do texto: T5663736
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