A ÉTICA E O CARÁTER

A ética norteia o comportamento no lugar, na época e no grupo a qual ela é inserida e praticada. Talvez seja isso mesmo, ou tenha uma gama enorme de interpretações. Os filósofos têm a capacidade de discorrer sobre o tema indefinidamente, mas agora não é o caso. Para nós humanos mortais de pouca sapiência, a ética é a coisa coerente dentro de um contexto. Pronto.

E o caráter? Bem, aí tudo muda de figura. Dá para resumir que o mesmo é a manifestação da índole, bons ou maus fazeres e talvez alguns vícios. Não concordo com o termo vício, pois sou fumante e nem por isso eu seja um mau-caráter. Deixemos assim.

Entretanto, ética e caráter são subjetividades que têm que amoldar—se no tempo. As definições antigas não podem ser aplicadas no atual momento da civilização. Alguns filósofos atuais, estudados em boas universidades(a maioria com dinheiro público) não raramente falam sobre esses temas apenas como professores e não como pensadores e questionadores. Repetem o que leem. Verdade. Vá aos livros, está lá exatamente o que eles te ensinaram. Discordam eles em algum momento? Claro que não.

Mas, eu ouso discordar!

A ética é maleável! Sempre será!

O caráter deve ter um componente agregado de relevância: a justiça.

Quem não pratica a justiça, apesar de outras boas coisas que possa ter feito, será sempre um mau-caráter. Não falo da justiça trabalhista, penal ou civil. Refiro-me a justiça social. E, quando me reporto à justiça social, perpasso solenemente pelas atitudes políticas e pelos políticos! Sim, pois eles são nossos gestores.

Quando assisto algum eminente filósofo sendo entrevistado na mídia falando que os políticos que elegemos são o nosso retrato ou, a corrupção que enlameia o nosso congresso é por culpa da nossa cultura, do nosso jeitinho, etc., fico indignado!

Quando eu jogo uma bituca de cigarro no chão, não separo o meu lixo, uso o meu carro e poluo o ar, sou um cidadão relapso, não corrupto. Mudanças de atitudes para conservar a cidade limpa deve ser uma conscientização permanente. Nada tem a ver com a corrupção dos políticos. Eles o são por questão de caráter.

As suas corrupções não podem ser desculpadas por eu ter furado a fila do banco, não mesmo. É uma inversão descabida!

Alguns filósofos afirmam que a cultura do jeitinho brasileiro produziu esta corja de políticos de mau-caráter e é o fruto das nossas atitudes. Não mesmo! Esses doutos filósofos lançam a culpa sobre os nossos ombros e são reverenciados por isso!

A corrupção desenfreada é o desenrolar da cultura de impunidade causada pelos mesmos políticos que a praticam. Foi uma decisão corporativista em detrimento de nossa vontade. Não somos culpados. Eles são.

Nos países ditos certinhos, onde as ruas são limpas, ninguém fura a fila, ninguém cola na prova, todos pedem licença e, por favor, a classe política tem lá os seus corruptos. São punidos com presteza. (Quase sempre).

Enquanto os formadores de opinião continuar a dizer que somos culpados pelos políticos que temos, podem ter a certeza, eles estão a serviço do sistema que deixarão impunes os de mau-caráter. E nós nos sentiremos culpados e o perdoaremos nas urnas, de novo!