amor e ódio





Ao dar mutuamente a palavra de honra, que não tornariam público suas relações amorosas, decidiram, em conluio plantar um jardim, para selar o pacto. Sonhavam ver seus caminhos juncados de flores e em volta o chilreio dos pássaros.
Caminhavam de mãos dadas pelos parques, sorrindo e se beijando. Sentavam-se nos bancos das praças arborizadas, observando atentamente a fonte luminosa e os passantes.
Cego de amor, ele prometeu ir até o sol e trazer acesa a tocha, para aquecer seus dias. Ela prometeu acender círios coloridos pela casa, todas as noites, para que o breu não os impedisse de ver o brilho de seus olhos. Ele garantiu que iria ao fundo mar capturar um cavalo-marinho e o colocaria em um aquário, para o sortilégio de uma felicidade a dois.
Todavia a névoa chegaria impedindo-os de vislumbrar olhares oblíquos, dissimulados, gestos de fastio.
Dos sussurros nos ouvidos percebiam-se orgasmos fingidos...
No jardim as flores murchavam.
Os círios foram se apagando um a um.
O brilho dos olhos foi substituído pela palidez.
O sorriso, outrora, espontâneo transformou-se em arremedo.
As palavras tornaram-se ásperas, insípidas.
Agora o mundo inteiro ouvia as pragas mútuas.
A honra fora substituída pela desonra.
O amor em ódio.


 
Esta crônica está no livro Crônica do Amor Virtual e Outros Encontros, à venda no site da editora Protexto: www.protexto.com.br

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