CONFRATERNIZAÇÃO FAMILIAR
      
      Aquela família era tão grande, mas grande, que o único momento em que todos se reuniam era quando acontecia algum velório. Curiosamente, o que se via era um início com choro,  muitas lágrimas, abraços e frases de apoio; que logo em seguida, seriam substituídos por longas conversas entre parentes que há muito não se viam. Por isso não perdiam a oportunidade de passarem a noite trocando ideias sobre política, religião, futebol e qualquer outro assunto que lhes interessasse.  A morte se fazia presente apenas para os parentes mais próximos. Para os demais, a vida continuava... E como continuava! Todos aproveitavam o pouco tempo que restava daquele encontro familiar. Era um momento de solidariedade e, ao mesmo tempo, confraternização. Era como se precisasse morrer alguém para que a família fortelecesse seus laços, tornando-se mais viva.
       No dia seguinte, morre o encontro e todos retornam a suas casas...     

 
Rogério Rodrigues
Enviado por Rogério Rodrigues em 02/06/2016
Reeditado em 08/06/2016
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