FLORES OU MONSTROS?

Certa vez, expressou o filósofo e matemático grego, Pitágoras, que a sociedade deve educar as crianças para não ser necessário castigar os homens. Inequivocadamente, todo adulto já foi uma criança e já precisou de cuidados de uma família. Nesse ínterim houve um transcurso temporal que formou, construiu a criatura, desde o ventre materno até a idade madura. Ademais, podemos dizer que aquele que faz parte do meio social de outro indivíduo, é parte dirigente na educação, na influência, na sensibilização e conscientização de quem está em formação. Caso não o tenhamos instruído de maneira adequada, sob os princípios de valores éticos e morais, poderemos até mesmo ser responsabilizados por conceber monstros entre nós.

De quem é a responsabilidade dos transgressores que estão aí, do governo, do estado, da escola, da família? A incumbência é compartilhada, mesmo que despercebidamente. O universo de informações que expressamos e multiplicamos, podem ser, em alguns momentos, de descontração e bem engraçadas; em tempos de crise, podem ser bastante sérias e intelectuais. Podemos retratar outros idiomas, podemos falar de animais, de flores, de festas, de alimentos e bebidas. Todavia em uma ideia temos que concordar, a palavra ou expressão que sai da boca, deve buscar ao máximo ser construtora de uma mente melhor, tem que propagar a capacidade de transformar para se voltar a um bem maior. Segundo a ética da reciprocidade, professada pelo pensador e filósofo chinês, Confúcio, não devemos fazer aos outros o que não queremos que seja feito conosco.

Não podemos expressar descoordenadamente, expor tudo o que nos vem, ou que possa deturpar o outro. Se não temos e vivemos o que queremos, se não temos a cultura que almejamos - isso é reflexo de todos. Não podemos apenas nos encouraçar e nos mascarar, acreditando que podemos nos travestir a qualquer hora, por nada e acreditar que está tudo bem. Não! A vida é mais, muito mais que isso! As sequelas são e estão ao nosso redor. O mal pode estar ao lado, apenas esperando para debochar, quando tudo estiver acabado, quando, por exemplo, a desordem, a tristeza, o desrespeito e a exploração do outro tenham causado dor e sofrimento. Não nos esqueçamos do que também ensinava o pensador Confúcio: a palavra convence, o exemplo arrasta.

Nesse caso nos remetemos ao que fora debatido na última semana, sobretudo no dia 18 de maio. Esse ficou instituído como o “Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes” a partir da aprovação da Lei Federal nº. 9.970/2000. Tal data se deve em razão de que em 18 de maio de 1973, uma menina de oito anos fora sequestrada, violentada e cruelmente assassinada no Estado do Espírito Santo. O corpo fora encontrado seis dias depois, carbonizado, mas os agressores, jovens de classe média alta, nunca foram punidos. O “Caso Araceli”, como ficou conhecido, ocorreu há quase 40 anos, mas, infelizmente, situações totalmente absurdas como essa ainda se repetem na atualidade.

Há que se destacar, ainda, que podemos romper com esse ciclo de maldade, através do “Disque 100”. Esse instrumento foi criado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. É um serviço de recebimento, encaminhamento e monitoramento de denúncias de violência contra crianças e adolescentes. Estima-se que de março de 2003 a 2016, o Disque 100 já tenha recebido mais de 60 mil denúncias de violência sexual contra este público, sendo que 80% das vítimas são do sexo feminino. Cada vez mais é preciso mobilizar e convocar toda a sociedade a participar dessa batalha para proteger nossas crianças e adolescentes. A responsabilidade é de todos nós.

Por isso temos compreendido que entidades, instituições e pessoas se organizam e se reúnem anualmente para manifestar e convocar a atenção de todos para a extrema relevância desse assunto. Sob esse ponto de vista, devem refletir para que cresçam nossas crianças e adolescentes, mais saudáveis física e mentalmente. Tudo para que não sejam presas de ogros que causam essa destruição na vida dos nossos jovens. Cada vez mais devemos propagar a cultura de paz, do bem social e da coragem para lidar com o ser humano. É necessário devotar um olhar de esperança para as vítimas e também para a real punição dos infratores. O desejo e a sensação de dever cumprido e de justiça seja a renovação da sociedade para uma vivência mais equilibrada, transparente, digna e racional.

Michael Stephan
Enviado por Michael Stephan em 25/05/2016
Código do texto: T5646777
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.