Nomeado

As árvores, o lago, as construções, tudo me é inquestionavelmente belo e admirável. Na longuíssima reta que nos guia das quatro pilastras ao pavilhão de aulas, transitam, simultaneamente, centenas de pessoas. Não faço a menor ideia do como e do porquê uma dessas criaturinhas desvia o olhar do mundo para, então, reconhecer um estranho.

Quase de costas, ouvi-a proclamar meu nome. Sem dúvidas não era a mim que ela chamava, passo à frente. Segundos depois, agora sim de costas, ouvi-a chamar outra vez. Encucado, criei duas hipóteses: ou o cara é surdo ou essa mocinha se confundiu constrangedoramente. Ainda desconfortável com a situação, fui surpreendido com um toque no braço.

Olhos velozmente redirecionados, pausa imediata, desconexão forçada dos meus devaneios. Oi?! Meu amigo já apontava, discretamente, para qual direção eu deveria olhar. Uma moça, dois rapazes. Cumprimentos rápidos, beijo no rosto e apertos de mão. Não precisei me apresentar, pois já pareciam saber quem eu era. Honestamente, não me recordo do que dissemos, provavelmente esqueci-me por ter sido surpreendido, mas é possível que tenha esquecido porque, independente do que falamos, o fato mais marcante já tinha acontecido.

Fui reconhecido e, mais do que isso, fui nomeado. Benditas sejam as aulas de cálculo, benditas sejam minhas dúvidas, bendita seja minha cara de pau inigualável que, por interesse, curiosidade ou chatice faz-se destaque. Dali ela aprendeu meu nome, dali ela quis me conhecer, dali me fiz atrativo.

Deixo-lhes meu conselho: pessoas interessadas são, por consequência, interessantes. Experimente interessar-se pela vida e veja como ela se interessará por você.