INVISÍVEL

Estávamos os quatro sentados à mesa em uma popular pizzaria da cidade. Eu era o único que tentava, em vão, iniciar uma conversa, até que chegou alguém para nos atender:
- E aí, o que vão querer?
- Pizza.
- Já escolheram o sabor?
- Qualquer um. Pra mim tanto faz. – respondeu Paulo.
- Eu prefiro portuguesa. – disse Fernando.
- Eu também. – comentou Maria.
- Portuguesa, então! – falei para o garçom, que esperava pacientemente: - Escolham logo, pô! – é o que deveria estar pensando enquanto nos observava.
A partir daquele momento, nada de diálogo. Digo melhor, estavam todos conversando através dos celulares. E o mais absurdo é que conversavam entre si, pelo Whatsapp, como se estivessem separados por um espaço que não existe.
- E aí, gente! Quais são as novidades? – insisti.
- Ah, nenhuma. – falavam sem tirar os olhos da telinha.
Ô aparelhinho poderoso. Está transformando todo mundo em escravos de uma tecnologia que nos tira o prazer do encontro, da conversa e de tudo aquilo que nos torna um ser humano.
Sentindo-me só, saí da mesa e fiquei andando ali por perto, enquanto a pizza assava, até resolver sentar em outro lugar. Isso já faz quinze minutos e ainda não perceberam minha ausência.
Rogério Rodrigues
Enviado por Rogério Rodrigues em 02/05/2016
Reeditado em 26/05/2016
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