COM A BOLSA ESCROTAL ASSOBERBADA

GOLPE, IMPEDIMENTO, PETRALHAS, COXINHAS E . . . CUSPARADA.

No meio do caminho a pantomima burocrática, sem fim, dos politiqueiros, candidatos a papagaio de pirata, entrecortada por gritos histriônicos, cujos locutores pretendiam ter ares de declamações históricas. De um lado, os filhos, a mulher, a vó, a tia Gertrudes e até o país, este coitado, que só é lembrado para servir de bucha de canhão, na boca de gente inepta. De outro lado, a gritaria, a estridência, que pretendia desmoralizar os opositores, mas só serviu de risível chacota à turba e à mídia zombeteira. Ambos os lados destituídos de autenticidade.

Até o mais assíduo, atento e descomprometido (sem rabo preso) congressista, ainda é corrupto, pois que recebe salário incondizente com a realidade nacional, usufrui de mordomias incompatíveis com as necessidades do país, tem carga horária de trabalho e recesso, que em lugar nenhum do mundo seriam consideradas adequadas, tem equipe de assessores que não se coaduna com sua produtividade, mesmo que ela fosse decuplicada, e ainda recebe outras vantagens, como carros, combustível, passagens, resulltando em pequena fortuna mensal, que corresponde, em média, ao que ganha um trabalhador (também mediano) em dois anos.

Ocorre que esse trabalhador tem de pagar seu combustível, seu veículo (quando tem), todas as despesas e impostos, trabalha muito mais, descansa muito menos e, se ficar doente, terá sorte se for aceito num hospital caindo aos pedaços, sendo atendido num corredor ou até no chão, enquanto seus impostos pagos, proporcionam atendimento médico e odontológico de primeiríssima aos políticos e governantes, em hospitais particulares e caríssimos.

É bem menos raro ver enterro de anão do que ver um político pegando ônibus, metrô, indo ao SUS, recebendo aposentadoria básica, morando em casa popular. Os políticos não vivem no Brasil, vivem num enclave dimensional de Brasília, que pertence a outro mundo. Até os que (desculpem a piada) “trabalham” nos estados e municípios, conseguem escapar desta realidade incômoda e arranjam espaços paradisíacos para viverem o bem bom, evitando uma contaminação com a pobreza e a desgraceira costumeira da sociedade.

Não há inocentes! Não há vítimas! Nào há golpe! Não há decência no que acontece!

Não apoio o impedimento. Não apoio o PT. Não apoio seus opositores.

Não estou em cima do muro, simplesmente, porque sou contra todos eles.

O país está falido, mas ninguém é culpado. É a conjuntura internacional.

Só que todos os outros países estão em melhor situação que o Brasil. Todos os que possuem um governo regular e leis que funcionam.

Se outros roubaram e bagunçaram antes, eu não posso ser punida. É o mesmo que dizer que se outros ladrões roubaram antes, nenhum ladrão presente merecer ser preso.

Não pratiquei crime. De acordo com a lei brasileira, leniente ao extremo, porque foi feita por legisladores corruptos, que temiam ser presos, Maluf, Cunha, Renan, Collor, Aécio e outros sacripantas também são santos, pois embora sejam suspeitos e tenham penduricalhos legais, não estão recolhidos ou prestes a ir para o xadrez. O vivente tem de ser pobre e roubar comida para ser condenado e preso, instantaneamente (e apodrecer na cadeia), pois se for rico, tiver alguma fama, apoio político, nunca será culpado de nada (isso é perseguição, complô, golpe).

Governante que só sabe governar com caixa cheio e distribui dinheiro que não tem, faz propaganda enganosa e se perde na hora de administrar a massa falida, tem de enfiar o rabo entre as pernas e pedir penico. Isso vale também para Temer e cambada associada.

Dizer que a crise política atravancou a economia é querer chamar o povo de burro.

A história não vai registrar golpe. A história vai registrar o momento tenebroso que este país viveu, nas mãos de oportunistas, gente de todos os matizes ideológicos que só tinha em comum a arrogância, a demagogia, o corporativismo, a truculência, o desrespeito aos cidadãos e nenhuma preocupação com a lei, porque se julgava uma elite que estava acima dela.

Só para lembrar, também fui preso, surrado e humilhado pela ditadura, e compartilhei a prisão com Dilma, Lula e companhia, só que apanhei muito mais que eles, e hoje vivo de modo bem mais modesto, sem bens, sem conta em banco, sem indenização, sem aposentadoria e sem ser chamado de herói. Não vejo heroísmo nenhum neles, como não o vejo em mim.

Eles chamam os de direita de nazistas, mas é bom lembrar que nazismo é abreviação de nacional socialismo. Os petistas são nacionalistas e socialistas. E então?

A isso se dá o nome de inversão de valores.

Já os de direita são tão escrotos, que se sentem à vontade em ostentar riqueza, armas, mostrar só o lado bom dos países capitalistas, enquanto continuam tratando funcionários como se fossem gado e só olhando para as multidões quando lhes convém. Se bem que esta última atitude serve para ambos os lados da questão.

A vida me ensinou a deixar de lado a emoção, dentro do possível, e racionalizar todas as situações que se apresentem. Porém, fica muito difícil racionalizar o que é insólito.

O cidadão comum sabe que, com raras exceções, se o trânsito flui mal em uma esquina, um cruzamento, ao chegar a polícia e tentar por ordem na coisa, tudo piora. Assim é com todos os governos que conheci até hoje, em minhas mais de seis décadas de vida. Para cada ponto positivo, vinha uma enxurrada de pontos negativos, e com isso perdi negócios, perdi empregos, vi muita gente se dar mal, vi tragédias, e ficou patente que o pouco avanço, em determinadas áreas, aconteceu através da iniciativa privada. Não porque o governo não tivesse condições de fazê-lo, mas porque não tinha vontade e seus componentes preferiam surrupiar o dinheiro a usá-lo em benefício do povo. Quantos políticos ou funcionários graduados pobres conhece?

O ex presidente Mujica, do Uruguai, saiu pobre de sua gestão e foi ótimo presidente.

Conhece algum brasileiro que tenha um histórico semelhante? Só Dom Pedro II.

O fato é que estou de saco cheio.

Como, porém, sou educado, prefiro dizer que estou com a bolsa escrotal assoberbada.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 30/04/2016
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