Dádiva a Poucos

Dádiva a poucos

Estudiosos de todas as épocas da história vêm tentando encontrar uma maneira de paralisar, com fórmulas, cálices com poções mágicas ou até mesmo por processos de resfriamentos de corpos humanos, o processo do envelhecimento.

Ao nascer, a humanidade está condicionada a aceitar, sem escolhas, a triste e inevitável realidade de que o nascer e o permanecer temporariamente vivo não está aliado ao viver sem o desconforto necessário do envelhecimento, o qual para ser aceito com autoridade e consciência, dependerá não de como alguém nasça, mas também de que modo esse alguém vem permanecendo vivo.

A dádiva mais valiosa de que a humanidade tem para se vangloriar não faria o menor sentido, se se nascesse simplesmente com a finalidade da morte. Seria injusto e incompleto pensar que o nascer é a causa lógica para o morrer. Algumas pessoas deixam a lacuna do viver sem preenchimento ou até mesmo incompleta atentando- se apenas para o permanecer vivo. Apegadas ao passado e fundamentadas a uma vida de aparências, essas pessoas veem suas vidas, lentamente, serem abreviadas.

A lacuna deixada ao longo da vida pela não aceitação dos fatos, pela não compreensão da realidade e pelo descaso em reconhecer que o envelhecer é um processo necessário para a continuidade de uma espécie, impede certas pessoas de serem verdadeiramente felizes. A felicidade não pode estar condicionada a triste, mas também irremediável, contudo necessária e justa condição do envelhecimento. Pois, o envelhecimento da face estética das pessoas é algo que faz parte de um processo verdadeiro, necessário e privilegiado para quem dele usufrui. O envelhecimento é um processo digno de ocupar o lugar de antecessor ao mal irremediável da morte, na qual não há distinção estética, pois é na morte que se faz a união inquestionável de todos nós.

O passado assim como o envelhecer da face estética é algo histórico. O presente, assim como o estar jovem e sentir-se bem, mesmo sendo portador das marcas deixadas pelas maravilhosas bagagens da experiência, das quais dependerão de como se vive durante o viver a vida, para que se tenha um futuro, não tão misterioso quanto ao que o seu presente lhe reserva, é dom de Deus.

J.E.Collins

JECollins
Enviado por JECollins em 13/04/2016
Reeditado em 18/04/2016
Código do texto: T5603528
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