DIÁRIO [25/03/2016]

 


25/03/2016 20h56
25 DE MARÇO 


 



 
Hoje é 25 de março e esse dia coincidiu com um feriado religioso. Que no próximo ano cairá em outro dia do mês. Mas na época do Império era feriado todo ano. Sim 25 de março já foi feriado no Brasil. Na época do Império grande parte dos feriados oficiais estavam ligados à monarquia e ao Estado Imperial. Como foi o 12 de outubro no Primeiro Reinado, que comemorava o nascimento e a aclamação de D. Pedro I. Já no Segundo Reinado o dia 02 de dezembro era um feriado que comemorava o nascimento de D. Pedro II. Havia uma clara associação entre monarquia, Estado e nacionalidade. Assim, as datas que remetem à formação do Estado Imperial, uma obra da monarquia, também foram trasformadas em feriados. Assim aconteceu com o 3 de maio, que era um feriodo que celebrava a instalação da Assembléia Geral, a união do Senado e da Câmara Temporária. E o 25 de março. 25 de março de 1824 foi a data da promulgação da Constituição do Império. Por isso era um feriado. A "Rua 25 de Março", a casbá paulistana, tem seu nome em homenagem à Constituição. Em São Paulo tinha até uma cidade chamada Constituição, hoje denominada Piracicaba. A Constituição, que instituia o regime monárquico imperial, era vista como a garantia da estabilidade e da segurança do chamado "mundo da ordem" da "boa sociedade". E ela foi pouco alterada no Império, só com o Ato Adicional de 1834, e com a e com Lei da Maioridade de 1824 (essa foi um golpe). E houve também poucas tentativas de golpeá-la. A defesa da Constituição tinha uma perspectiva conservadora. Conservar o quê? A sociedade escravocrata. Curiosamente hoje agentes do Próprio Estado estão atropelando a Constituição, supostamente para manter a boa ordem conservadora. E nas ruas, as manifestações ultraconservadoras reivindicam a intervenção militar, e dizem ser ela constitucional (e basta ler o artigo da Constituição referente aos militares para ver a bobagem disso). É atentado contra a Constituição! E a conservação? Eles estão atirando no próprio pé, a intervenção militar, é preciso assumir, é a implantação de um Estado de excessão. E só. É golpe. E só. Hoje a gente nem lembra a data da promulgação da atual Constituição. Querem expurgar qualquer oposição política à ordem conservadora (e nem é só o PT), nem que para isso ameacem a própria ordem conservadora. É preciso evitar o golpe, que atenta até mesmo contra os reacionários. O golpe é mais anticonstitucional que a própria corrupção. A corrupção é só um crime, com previsões de penas que estão no Código Penal, não na Constituição.

(Se forem me comentar não precisam me chamar de "petralha", eu sei muito bem o que sou e o que não sou. Não é uma tola inferência ilativa que vai  me adivinhar, nem transubstanciar meu ser. Interesso-me por substâncias, não por estupidez predicativa).

 




 
Goiânia, 25 de março de 2016.