Talvez...

Me peguei pensando em você, na hora do almoço, reparei que eu estava comendo menos, e você sempre brincou que eu comia mais que você, que eu não tinha limites, me chamava de demônia, eu ainda lembro, eu não me lembro mais exatamente quanto tempo faz que você foi embora, que você deixou de fazer parte de mim, na qual você deixou uma vazio imenso, um aberto que eu sozinha, sou incapaz de preencher.

No momento em que você veio em mente, junto veio inúmeras lembranças, na qual eu queria muito esquecer, queria que o vento levasse assim como te levou, queria que fossem embora e me dessem paz, mas ao mesmo tempo, queria que você voltasse e permanecesse com esse seu sorriso que junto vinha com tanta maldade, sua covinha apenas no lado direito, a palma grossa da sua mão, o defeito da sua orelha, a cicatriz do seu piercing da sombrancelha no qual eu achava horrível, as tatuagens mal acabas, o aparelho quebrado.

Me perguntei, porque eu fico me recordando de tudo isso, eu fico me agarrando ao seu último “ eu te amo” com medo de deixar isso escapar das minhas lembranças, é algo completamente bipolar que permanece em mim, onde eu não consigo decidir se eu quero ou não te esquecer, eu sou extremamente apegada as nossa lembranças, que eu tenho medo de deixar tudo isso ir embora e uma parte de mim ir embora junto, eu tenho medo de perder minha única e maior lembrança do que foi o amor para mim, o amor foi o sorriso mais verdadeiro quando você ouvia o “eu te amo” sair da minha boca após um beijo, ou sua voz grossa se afinando quando você ria ao ver que eu errei uma palavra ou quando eu não concluía minhas frases sem sentido algum, na qual você sempre gostava de ouvir, mas se você gostava tanto, porque de uma hora para a outra você deixou de sorrir para mim, para ir embora? Se minhas frases e teorias nunca tiveram tanto sentido enquanto eu estava ao seu lado, te amando mais a cada momento que passava, como vou ficar agora? Se a minha maior certeza era você, e olha quem diria, o que havia de mais certo se foi.

Confesso, que sou muito fraca quando se trata de amor, recebo inúmeros conselhos de como seguir em frente, aliás dou inúmeros conselhos de como superar um amor platônico ou um que se desfez independente do motivo, mas quando se trata da minha pessoa, é como se eu quisesse manter uma pequena chama de esperança dentro de mim, imaginando que o passado vai voltar a fazer parte do presente, trazendo uma falsa sensação de conforto e calma, durmo e acordo com uma expectativa de um futuro incerto.

Sim, eu sei, ele não é como eu, ele não dorme abraçado com um terceiro travesseiro que serve de apoio nas madrugadas que eu passo em claro pensando no quanto podíamos ter dado certo, não, ele não lembra de nós ao olhar para sua moto suja, na qual eu tinha medo de andar, não, ele não lembra dos diferentes tipos de perfume que eu usava, não, ele não pensa em mim, e cabe a mim, só a mim aceitar isso.

Talvez um dia, eu aceite, eu supere, o famoso tempo passe, clichê dizer, tempo ao tempo mas, é a única cura, talvez ele encontre alguém, e talvez esse alguém possa fazer ele se apaixonar de novo, faça ele amar, sair na chuva, de moto, só para lhe entregar uma rosa branca e dizer “eu te amo, minha vida”, talvez tudo de certo para ele e é claro, talvez eu aceite que existem casais, que são feitos para se conhecerem, se apaixonarem, viverem seus momentos intensamente como se fossem únicos mas não para ficarem juntos, é, talvez...

Mariana Junqueira
Enviado por Mariana Junqueira em 18/03/2016
Reeditado em 14/07/2016
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