Everything's Gonna Be Alright - Relato do Coração

Aqui esta meu agradecimento em forma de relato a todos amigos, amigas, primos, primas tios e tias, que me mandaram muitas mensagens de carinho.

O texto e longo, e eu adoro textos longos...Ah, meu livro esta sendo editado e em breve sera lancado em portugues no Brasil e em ingles aqui nos EUA.

Everything's Gonna Be Alright

Eu sou um sonhador diferente do meu velho pai. Ele sonhou a vida toda, mas não concretizou seus sonhos. Sonhava muito alto e acreditava fielmente nos sonhos como se fossem realidade, e como eles não aconteciam de verdade, seu mundo imaginário desmoronava fazendo com que meu pai caísse em profunda depressão. No entanto, como um bravo guerreiro, logo se levantava e começava tudo de novo com brilhantes ideias… Salve, Salve meu pai!

Sonhei a vida toda, mas muitos de meus sonhos se tornaram realidade, talvez por pura sorte. Foram muitas as vezes em que algo de muito bom me aconteceu, porque eu estava no lugar certo, no momento certo.

Assim como num sonho, tenho relacionado e refletido sobre a vida e a morte. Meu cérebro pensa, repensa e me manda recados alertando que algo não está bem e que mudanças precisam ser feitas ou algum conserto é necessário pra que eu continue de pé ,seguindo meu caminho por esta vida maravilhosa.

Onde quer que eu vá, onde quer que eu fui, foi como num sonho… Sorrisos, beijos e abraços, e lá se foi mais um dia! Tanta gente conheci, e muita coisa boa aconteceu. Por várias vezes me questionei sobre tais coisas e acontecimentos em minha vida. Será que não sou daqui, deste Planeta? Normal eu nunca fui… Mimi e meus filhos, bem como minha própria mãe, me chamam de “anormal” ou avesso… De bar em bar, tomando as minhas cachaças, por lá ficaram amizades e alguns bons amigos. E eu sempre seguindo meu caminho, caminho de um sonhador...

Sonhar é livre… Tudo foi acontecendo naturalmente, quase me perdi pelo caminho, mas sempre retomando o rumo da estrada e chegando a algum lugar, e por ali ou por lá ia conhecendo e sendo reconhecido. Que cara legal, mas esse cara não é normal… Não pensa como normal e não age como normal… Os anos vão se passando, a idade vai chegando e as coisas mudando. De cabeça em cabeça, meu pensamento vai voando… Tantas viagens fiz que penso que até já sai deste Planeta! Será que é normal sair do nosso Planeta e voltar são e salvo??? A viagem da “autotransportação”. Fui e voltei em um milésimo de segundo… E nesse milésimo se passaram milhões de anos, e uma “Luz” brilhou no meu caminho… Tudo normal? Como diz Gabriel…Filho da linda e querida Rosana, Ah, Rosana, voce foi fenomenal. Normal.

E essa Luz mudou os sentidos, e até a direção de minha vida. Passei a pensar diferente e a ser diferente. Como um mensageiro sinto essa vontade e desejo de continuar a jornada, dentro ou fora deste Planeta, porque a gente entrou em um profundo mundo imaginário, e sem falar, falamos muito e nos entendemos muito bem. Essa Luz tem guiado e me conduzido a mundos diferentes.

Mas, é preciso sustentação pra sobrevier e seguir seguindo essa viagem sem ter que parar de comer e nem de viver… Viver com os seus, com a família e alimentar essa família, o sustento precisa vir. A comida tem que estar na mesa, e preciso comer pra manter o corpo físico e alimentar a alma com o poder da transformação do espírito. Essa Luz, que se divide em várias partes, cuida muito bem do meu mundo imaginário, decifra meus códigos, pois venho de um mundo diferente, o da imaginação… E ainda tem que cuidar do seu próprio mundo. O mundo da sustentação. Cozinhar, dar amor e carinho, amar, ser amada, cuidar da saúde de todos e se cuidar também. Bandidos a assustaram, e seu mundo da imaginação passou a ser real, e por pouco não acaba. Seria o fim, o fim de um sonho. Em tão pouco tempo de trocar de olhos, meus olhos viram e perceberam o seu mundo, quase que por completo… E se não fosse pelo menino, enviado especial daquela viagem, o encontro seria mais longo. Por que o menino foi comigo?

O menino foi o antídoto, pois, com ele na minha viagem, passei a ser mais responsável, e nem bebida de álcool tomei pra dele poder cuidar. Não sabia eu, na verdade, quem cuidava de mim era ele… Mas um menino de dez anos cuidando de um adulto nos seus quase sessenta? Coração andava machucado, e desiludido de tantos recados em vão… Com o menino do meu lado, não cai nem saí na contramão. Eu me segurei e controlei os desejos da “liberdade”. Mesmo com toda a beleza pura da Cidade Maravilhosa, eu me segurei, contive a liberdade, e não aprontei! Meu corpo agradeceu, e fez até festa, mesmo sem eu saber, o menino estava me protegendo. Sua missão seria salvar os sonhos de um sonhador e salvou…

Vieram os tombos, as paradas cardíacas e a fraqueza começaram a tomar conta de um corpo que ate então não parecia estar cansado e nem assustado. O sonho quase acabou, foi por pouco… Mas, o menino me salvou e sonho continuou… Aquela Luz se ascendeu e com um brilho ainda mais forte meu caminho iluminou. De repente, tudo voltou ao normal Normal, como diz Gabriel! E lá estava eu em um quarto de hospital na cidade que meu pai escolheu pra ser sua derradeira parada, e de minha mãe. E por lá também quase fiquei…

Enfermeiras correndo de um lado para outro, muito carinho, sorriso nos lábios e as mãos no peito… no meu peito.

- Esse cara não é normal... Que cara legal! Um verdadeiro viajante, deve ser sonhador e transeunte…

As mais lindas mulheres, novas na idade e bem vividas na vida da experiência, todas ali, do meu lado, cuidando e dizendo, isso não é normal. Belos sorrisos, muito carinho entre agulhadas na veia e sangue descendo subindo. Enfermeiro negro bonito e simpático sorrindo e com suas mãos cuidando do viajante sem destino…Luiz Paulo seu nome

Fotos na cama do hospital, sorrisos bonitos, lábios de mel…

- E ai Raul? Tira uma foto comigo?

- Nossa, olha só quem tá ali…O Raul Seixas!.

E todas quiseram tirar fotos comigo…

E me adicionaram no Facebook.

- Quero te ver de novo…

Todas muito bonitas e super simpáticas. Carinhosas e muito queridas.

- E agora, seu doutor? Eu sou daqui, mas não vivo aqui, tenho que continuar a viagem…E seu doutor que, na verdade, era uma linda senhorita doutora, unhas lindamente bem cuidadas cabelos bem penteados, lábios com batom e um olhar profundo e pensador… Mãos cruzadas ali na minha frente numa sala extremamente quente.

- Seu problema será resolvido, mas vou chamar outro médico amigo.

E o amigo chegou, gentilmente fui atendido e meu problema resolvido.

- Há quanto tempo você sente isso? - Perguntou o doutor -.

- Uns vinte dias...

- Você é louco, cara? Podia ter morrido!

E por pouco não morri... - Afirmei.

- Não tenho outra alternativa, você tem o que chamamos de Atrial Flutter. Vou te encher de remédios pra tentar reverter o seu quadro…

E não é que seu doutor assim o fez.

Irmãos preocupados, um corre-corre danado… Esses dois irmãos amados são puro amor e carinho, vivem pra ajudar. Trabalham duro, sofrem e ganham pouco, mas são felizes e isso os enriquece. Estão sempre ocupados, preocupados com a humanidade, se dão e se calam. Não pensam em recompensa, fazem tudo por simples prazer. Servir, e ser útil, fazer o bem lhes dá prazer. Oh, meus irmãos… Amo vocês de todo meu coração!

Chegada a hora da partida, não gosto de despedidas, mas vou ter que dizer adeus… Adeus irmãos queridos, adeus minha mãe, essa mulher que já foi forte que o seu tempo doou para servir, foi voluntaria de caridade e muita gente ajudou, hoje está só e muito fraca. Pelas paredes vai se segurando. Adeus, mãe querida, em breve eu volto e ela logo disse:

- Talvez não, filho querido, na sua volta eu já devo ter ido…

Todos choram e todos riem, uma família deve ser assim, unida pra tudo e pra todos. E continua a viagem…

Birigui, São Paulo, Chicago, Columbia, Missouri…

Em Columbia, Missouri onde acontece o True False Film Festival, quase nada pude fazer. Muitos amigos à minha espera, pois sabem que gosto de beber, de dançar, de tocar, de prazer, enfim, dessa vida curtir. Muitos se inspiram em minha alegria e energia, me chamam de louco querido. Não sei se por sorte ou pelo cabelo ou simplesmente pela simpatia. Salve, simpatia! Todos gostam de mim e querem de alguma forma fazer alguma coisa comigo. As mulheres sempre esboçam sorrisos, e os homens me chamam de louco querido.

Pouco fiz em Columbia, levei meus instrumentos de percussão pra tocar com o pessoal, e olha que nem músico eu sou, apenas pra curtir, animar o povo e me alegrar também.

Senti que algo não estava bem comigo, mas não comentei com ninguém para não preocupar, também para não perder o Festival “True False”, esse Festival de Cinema que acontece todos os anos no mês de março em Columbia, Missouri. Acontece que Mimi, minha amada esposa, dona do meu coração está sempre atenta e percebe o meu desconforto. Ela fica perdida e sem emoção quando percebe que não estou bem.

- Sérgio, você não está bem? Vai ficar no quarto?

E sugere que voltemos para Chicago. Recuso-me a voltar para casa. Afinal fui para participar do Festival, embora tenha passado maior parte na cama do hotel. E pensar que lá fora havia muitos cineastas famosos, artistas, enfim, gente do ramo artístico apaixonados por cinema e eu, que sempre fui tão animado fui obrigado a ficar recolhido, porque meu coração resolvera me deixar cansado. E foi assim, não pude nem curtir o Festival de Cinema, que eu adoro tanto.

True False é como uma grande família, é como se fôssemos irmãos espalhados pelo mundo, e no True False nos encontramos. Cineastas famosos, e alguns ainda começando, mas a gente se encontra pelas ruas, se abraça, se beija e se cumprimenta. Tudo de uma forma tão normal. Restaurantes, bares e Café, lá estão os Filmakers com seus belíssimos documentários de todas as partes do mundo. Eles mostram a realidade nua e crua nas telas de cinema.

Não pude estar entre eles, porque não estava bem das pernas. Como dizia querido tio Pinga, eu estava “treinando pra morrer”. O Festival tem festas todas as noites, e eu por cinco anos de todas essas festas participei. Todos me conhecem pela minha energia e simplicidade de ser. São festas super animadas, dessas que ninguém quer e nem pode perder…E eu lá em um quarto de hotel, triste e pensativo, pois, festa está no meu sangue.

Jamie, meu filho querido, e Jon outro filho amado, muito preocupados comigo. Mimi sentido-se só, nem curtiu os filmes com tanto desejo, pois quando estamos juntos, comentamos os filmes, e fazemos uma espécie de analise do que vimos nas telas de cinema. Cineastas e mais cineastas vão chegando e a gente vai se entrosando. Diretores ganhadores de Oscars estão todos juntos, na mesma mesa, sem frescura, conversando, sorrindo, tomando umas geladas… Diretores, atores, atrizes. Todos lá.

Aproveitei a ida a Columbia e tirei várias fotografias, inclusive da Universidade. O Campus da Universidade é muito lindo com extensa área verde, diversas flores. A cidade é bonita e muito bem cuidada. Na cidade de Columbia tem a Universidade de Missouri, onde Jamie fez jornalismo, e como Brad Pitt, faltando um semestre para a formatura, abandonou a Universidade. Não sei se no futuro Jamie e Brad serão amigos do peito. Brad Pitt se deu bem, e sua vida o mundo inteiro conhece. Nem todos sabem que Brad estudou na Universidade de Missouri. Menos de um semestre de sua formatura, Brad abandonou os estudos. Ligou pra sua mãe e lhe disse que iria pra Los Angeles tentar uma nova vida. Ser ator é o que ele queria, e não mais jornalismo…

Jamie seguiu os passos de Brad, bom, ainda não ficou tão famoso quanto o bonitão e excelente Brad que faz as mulheres terem orgasmos com um simples sorriso na tela do cinema sem precisar levantar a camisa ou mostrar a pontinha da cueca colorida. Quando Jamie optou pela Universidade de Missouri, nem ele nem nos sabíamos que Brad havia estudado lá. Jamie, assim como Brad, foi pra Los Angeles, onde já estava seu irmão Jon que também faz cinema. Jon estudou na Northwestern University, e se formou um ano antes do prazo previsto, em Evanston, próximo a Chicago. Jon escreve roteiro de filme e está trabalhando arduamente. Será que tudo isso faz parte de um “contatos imediatos do terceiro grau?” Jon escreve um roteiro e esse roteiro por alguma mágica razão acaba sendo levado pelos bons ventos ou alguma mão divina para Brad Pitt que, por pura curiosidade, resolve dar uma espiadinha e se enamora com que acabare de ler!

Jon mora em Beverly Hills, onde também mora Brad, e Jamie que estudou na mesma Universidade de Brad. Brad Pit encontrou sem querer um roteiro na mesa de um restaurante em Beverly Hills e, por coincidência, era o roteiro do Jon! Após ler o roteiro de Jon, Brad pede ao seu agente que entre em contato com Jon dizendo que aquele roteiro é fenomenal, diferente de todos que havia lido até aquele dia e manifesta o desejo de conhecer o autor. O tal agente se distrai, confunde Jon com Jamie, porque ambos assinam J. Gonçalves, e faz a ligação, antes de completar passa para Brad, que está sem camisa, bebendo Bloody Mary em uma de suas mansões em Beverly Hills ao lado de sua bela, encantadora e talentosa mulher, a bela Angelina Jolie que está linda em um biquíni fio dental com os seus famosos óculos escuros, sob o forte Sol de Califórnia.

Jamie atende a ligação, Brad Pit apresenta-se, mas Jamie diverte-se acreditando ser uma piada e responde dizendo ser Mell Brooks. Espirituoso, Brad ri e inicia uma conversa agradável com Jamie. Como Jamie é um excelente comunicador e tem ótima percepção, vai logo falando aberta e educadamente, e com seu charme e boa dose de sorte, Brad o acha muito interessante, e dali nasceu um bate papo:

- Wow, Brad, eu estudei em Mizzou, (Universidade de Missouri). E tirei muitas fotos, aliás, meu pai postou no Facebook dele um montão de fotos da casa onde você morou, a Frat House. Eu morava do lado de sua casa…

Brad, responde:

- Aquela casa tem história pra contar! - (risos) – e prossegue: - Meu sobrinho está morando lá agora, ele faz faculdade na nossa Mizzou. De repente Brad muda a conversa e diz:

- Você deve se perguntar por que lhe liguei, não é?

- Sim - Responde Jamie, ainda espantado com a ligação –.

- Acidentalmente li o roteiro de filme que você escreveu e adorei.

- Ah, foi meu irmão Jon que escreveu. Ele é roteirista e excelente escritor!

Brad afirma

- Sim, logo percebi, exatamente por isso estou ligando. Façamos o seguinte, pedirei ao Peter para buscar você e Jon pra gente se conhecer e trocar umas ideias. Quero muito conhecer vocês, gostei muito do roteiro que Jon escreveu.

E assim foi… Sonhar, todos nós podemos, sonhar é livre! Passamos às vezes a vida inteira sonhando acordado, mas sem coragem de, ao menos desvendar um sonho que seja, já que sonhamos tanto.

De volta pra casa, o lar, em Chicago

Ainda mal das pernas, e com falta de ar, decidi me entregar novamente nas mãos do doutor, na verdade, nas mãos das enfermeiras… Oh, que criaturas mais divinas! São pura bondade, trabalham duro e por muitas horas, se doam de verdade a seus pacientes cuidam com carinho.

Assim como em Birigui, mal entrei no Pronto Socorro e lá estavam elas, todas queridas, prontas para cuidar de mais um. As enfermeiras fazem de tudo. Correm pra todos os lados, salvam vidas e cuidam de vidas. Doutores também, mas quem faz e prepara tudo são elas e eles, enfermeiros, enfermeiras.

No hospital de Skokie, mais parecia Nações Unidas, elas são de várias partes do mundo, mas o carinho é o mesmo, se doam e com muito carinho cuidam de seus pacientes. Foram tantas que me cuidaram e pelos corredores me carregaram. Oh, enfermeiras…Como eu gosto de vocês!

Se há algo bom em se estar doente, penso que serviu para me sentir amado. E eu me senti de fato muito amado com as preocupações e as manifestações de carinho da minha amada esposa Mimi, dos meus também amados filhos Jon e Jamie, dos meus queridos irmãos, primos e primas, as enfermeiras. E dos meus amigos queridos que vivem perto de mim e os de longe. Os amigos de pouco tempo e os de longas datas. Com certeza todo esse amor contribuiu para a minha recuperação. Amor tem esse poder curativo...

Jamie mandando mensagem a todo tempo, querendo saber como estava seu pai querido... Jon calado, mas muito preocupado, perguntava a todo tempo pra Mimi como estava seu pai querido... Enfermeiras lindas e gentis me dando um carinho especial e dizendo que eu sou especial...

Ah, meu Deus, a enfermeira Limia... Nome diferente, mulher de beleza exótica e de uma doçura que me comovia. Toda hora queria saber como eu estava, se precisava de algo. Todos os curativos era ela que fazia questão de fazer. O sorriso é uma forma de carinho, e parece que a cada vez que uma enfermeira me sorria, eu ia melhorando. A Limia tinha um belo sorriso que me animava.É bom receber carinho, o coração agradece! Limia que me via o tempo todo escrevendo disse: Katy me falou que você escreve poemas e contos! Sim Limia, escrevo. Sérgio, eu amo contos e poesias…E com aquele belo sorriso me falou, tenha um bom dia!

E cardiologista que cuidou de mim também foi fantástico. E já chegou sorrindo e adorando meus cabelos cacheados.

Dr. Krause me disse:

- Você parece um artista, Sérgio.!

Bastaram poucas palavras e já nos tornamos amigos e começamos a marcar encontros musicais. Dr. Krause tem uma banda, mas como bom cardiologista que cuida de corações apaixonados e doentes, toca com sua banda em shows de caridade para pacientes que estão no final de suas vidas... Que lindo isso, pensei... De pronto já amei esse doutor. Que bonito o que ele faz pelas vidas dos que estão com corações machucados e indo embora...

Dr Krause, que por coincidência do destino, era pra ser meu cardiologista assim que voltei do Brasil. Liguei pra sua clinica, meu médico particular, Dr Farby o havia recomendado, mas como ele é muito ocupado, precisei marcar com outro cardiologista. Comentei isso com ele e ele disse:

- Era pra ser, Sérgio, era pra ser!

Na sala de cirurgia com toda aquela parafernália incrível, equipamentos que mais pareciam de outro mundo, lá estava eu deitado e parte do corpo sedado pra fazer o exame angiografia. Uma câmera entraria pela minha veia na perna direita e iria até o meu coração. Que viagem! Eu deitado lúcido (metade), me vendo por dentro, viajando dentro de mim mesmo.... À minha volta, umas dez enfermeiras e um lindo jovem negro, alto, forte e robusto. Precisa ter músculos pra ajudar a carregar pacientes na hora da cirurgia. Não consegui ver o rosto de nenhuma delas, todas estavam com máscaras e seus corpos cobertos. Corriam pra todo lado, tudo precisava ser muito rápido e preciso. Um pequeno erro e minha viagem chegaria ao fim.

Na super sala de cirurgia, uma música ao fundo... Elton John cantava "Rocket Man".

- Que linda essa musica. Dr. Krasue!

-.Você gosta, Sérgio?

- Sim, adoro!

E ele pede:

- Jéssica, aumente o volume.

Eu na mesa de cirurgia, ouvindo Rock... Que delicia!

- Você é músico, Dr. Krause? – Pergunto -.

- Mais ou menos...

- É um grande músico! - Reponde Joe, o negro forte e bonito. - Ele e um ótimo músico!

- E você, Sérgio?

-Eu escrevo canções. Não sou músico, mas toco em uma banda de vez em quando.

- Qual o nome da Banda?

- Chicago Samba.

- Já ouvi falar... Quero ir ver vocês, Sergio, me avise quando tocarem.

- Também quero ver a sua banda, Dr. Krause!

E as boas músicas seguem tocando bem alto na sala de cirurgia... Meu coração dispara de alegria.

- Você tem um bloqueio bem pequeno na artéria do lado esquerdo, está vendo?

-Sim...

Eu me vi por dentro pela primeira vez, pude ver meu coração batendo no meu próprio peito em ritmo acelerado. Que lindo! Que lindo que é a vida... Que linda aquela máquina fantástica que não para nunca! Pude me ouvir por dentro... Nossa, parecia que estava em outro mundo, bem no fundo do mar... A viagem continuava, e eu de fora me vendo por dentro, vendo meu coração batendo, trabalhando sem parar. Que viagem!

- Pronto, Sérgio!

- Estou adorando as músicas!

- Gostou mesmo?

- Adorei! Isso deixa o paciente, no meu caso muito mais relaxado, a gente viaja na música e no passado.

- Bom saber, Sérgio, faremos isso com outros pacientes nas próximas cirurgias.

A sala de cirurgia é super ocupada, uma cirurgia atrás da outra... Mal saí, e foi entrando outro. Havia uma fila lado de fora, no corredor. Macas e camas de hospital com pacientes aguardando sua vez naquele imenso e longo corredor do hospital.

- Pronto! A sua foi um sucesso. Sérgio!

Após isso, o bonito e musculoso negro Joe e mais duas enfermeiras baixinhas, me transportam da mesa de cirurgia para outra cama e fui transportado pra fora do longo corredor...

Dr Krause saiu na disparada correndo atrás da cama onde estava e me perguntou

- Você tem Congas? Onde vocês irão tocar? Quero ver Chicago Samba! Você é legal, Sérgio! Foi muito bom trabalhar com você.

- Dr Krause...

- Diga, Sérgio...

- Foi uma grande prazer...

- Sua mulher esta aqui? Está te esperando no quarto? Não, ela está em casa e nem sabe que fiz esse exame...

- Sérgio! Como você me faz uma coisa dessas? Ligue pra ela agora, preciso falar com ela!

- Mas eu tô vivo, doutor... - Ele riu e disse:

- Ainda bem, me livrou de um grande problema! Você esta vivo!

E lá fui eu para o quarto do hospital no terceiro andar 3545..

E eu continuo aqui até quando meu coração aguentar e até quando Deus quiser. E, enquanto houver alguém se importando e torcendo por mim com carinho e amizade, vou seguindo. Eu retornei do hospital com mais disposição e alegria e sinto que tenho muito sonho para realizar ainda e lá estou indo atrás! Vida que segue... Salve, Salve, eu sou valente, feliz e cheio de vida, sou da família dos Gonçalves!

Sergio Goncalves
Enviado por Sergio Goncalves em 11/03/2016
Reeditado em 30/04/2016
Código do texto: T5570816
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