Poesia porta voz
Aparecida Linhares
       (Serahnil)
Crônica (Filosófica)

Tranquila a poesia fluiu sem que eu me preocupasse com o que fui deixando no papel antes em branco. Uma coisa banal a qual já me acostumei.
Versos livres... Cem por cento inspirados sem regras de métrica, sem procura de rimas ou algo que os faça ricos ou diferencie a poesia das tantas que leio por aí...
Um método utilizado largamente pelo modernismo, principalmente por alguns poetas românticos.
Encerro o escrito...
Recebo telefonemas, respondo whatsaaps das meninas marcando o almoço de hoje domingo, respondo e-mails...
Depois de prolongado tempo volto à página que escrevi e percebo uma psicografia.
Eu não escrevi o que está ali...
Leio e releio e não gosto do que vejo. Apago.
Não o faço porque a referida seja feia ou torta, era muito esplêndida, tinha um lirismo que há muito eu não vejo em minhas poesias. Concluo que o meu EU andou se divertindo as minhas custas. Apaguei por nela conter desejos e sonhos que independem de serem comprados. Não são bens de consumo. Envolvem sentimentos e vontades alheios e a estes sonhos e desejos eu não devo e nem posso acalentar, por saber muito quem sou e como eu sou, ignoro a poesia como porta voz.
Ouço meu coração batendo nos ouvidos, esse é o alarme de que devo buscar a chave e trancar a porta que se entreabre ao sopro de Eros.
Já houve outras vezes e fui ágil, mas em uma delas não atentei ao alarme por achar que devia fazer pouco caso, deixei a porta entreaberta e o sopro quebrou a vidraça.
Não pretendendo deixar que voltasse a acontecer tomo logo providências.
Quero o meu autocontrole em minhas mãos e muito bem consciente de que quem manda sou eu, e ele deve obedecer sem me questionar.
A poesia de versos livres...
Não a botei integra na lixeira para não sentir vontade de ir resgatá-la e colar pedaço por pedaço.
A-pa-guei!
Letrinha por letrinha que construíam um castelo de sonhos para mim, cujas paredes eram cobertas com caras e raras pedras preciosas, porém eu sei que por baixo das pedras as paredes são de barro.
Aparecida Linhares (Serahnil)
Enviado por Aparecida Linhares (Serahnil) em 14/02/2016
Reeditado em 19/03/2016
Código do texto: T5543260
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.