Como escrever coisas alegres?

Alguém me diz: Escreva coisas mais alegres.
Intrigada reflito:
Como escrever coisas alegres, se quando escrevo mergulho em meu íntimo, tomo consciência de mim e do outro; descubro que a vida é sedutora, mas não é confiável; percebo as incertezas, as ilusão, os desencontros e a finitude de tudo...
Preciso escrever coisas mais alegres... Preciso... Afinal, não sou uma pessoa triste. Pelo contrário. Talvez, eu consiga disfarçar e trazer à escrita uma certa fantasia.
Saio e encontro alegria ao meu redor: No céu, nas nuvens, nas flores, no canto dos pássaros, no pão com manteiga e café quentinho; no neto que chega correndo, nos filhos, nos amigos, que não são muitos, mas que são queridos. Percebo que estou ligada a tudo que me cerca. Busco lutar pelo desapego. Sinto que essa é uma luta inglória e que o apego faz parte da natureza humana.
Preciso da alegria que está na superfície: no riso fácil, na conversa sem compromisso, nas reuniões onde todos falam ao mesmo tempo e ninguém escuta ninguém, na música barulhenta que sufoca o pensamento e nos deixa entorpecidos. 
Pensar incomoda.
Tento esquecer que o tempo, em seu passar, tudo transforma. Que a felicidade é um estado da alma: sensível a qualquer oscilação e sujeita ao dinâmico movimento do tempo. Como diz o poeta “A felicidade é como a pluma que o vento leva pelo ar. Voa tão leve, mas tem a vida breve, precisa que haja vento sem parar “

Preciso escrever coisas mais alegres.

 
Lisyt
Enviado por Lisyt em 13/02/2016
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