FILOSOFAR É AGIR

Resolvi escrever um pouquinho sobre filosofia.

Segundo o dicionário Aurélio, filosofia é, entre outras coisas:

-estudo que se caracteriza pela intenção de ampliar, incessantemente, a compreensão da realidade.

E o que diz o mesmo dicionário sobre o que é ser filósofo?

- aquele que procede sempre com sabedoria e reflexão, - que segue uma filosofia de vida.

- quem vive indiferente aos preconceitos e convenções.

Quem de nós procede, usualmente, com “sabedoria e reflexão”? No duro?

Quem de nós tem, efetivamente, uma filosofia de vida?

Quem de nós vive indiferente aos preconceitos e convenções?

Todos têm o direito de discernir sobre o mundo, coisas e pessoas como lhes aprouver, e a isso se deu o nome de “livre arbítrio”, mas há um limite. Quando restringimos ou dificultamos a liberdade de alguém, constrangemos, caluniamos, menosprezamos, poluímos, parcial ou totalmente um habitat, desperdiçamos bens e recursos, zombamos, tripudiamos, abusamos, ignoramos ou deixamos que outros façam tais coisas sem reagir (sendo omissos), estamos ultrapassando o limite do próprio livre arbítrio e nos tornando malfeitores.

Sabe o que é maniqueísmo?

É caracterizar bem e mal como forças opostas, explícitas e duelantes.

Mas em nossa realidade, quem é bom ou mau?

Você é pessoa boa ou má? Conhece alguém, absolutamente, mau ou bom?

Ninguém é totalmente bom ou mau e o mundo evolui, mas ainda é lugar de selvageria. Podemos administrar nosso jeito de agir, de modo a enxergar que somos farinha do mesmo saco, mesmo com tanta diferença aparente. Não há solução mágica para problemas sociais, porque só pode ser encontrada no íntimo de cada um. Se não melhorarmos nossas atitudes, nada melhorará em volta. Quando jogamos um papelzinho no chão, cuspimos, entramos na contramão, subornamos, furamos fila, damos uma de espertos, estamos contribuindo para a piora do mundo, do país, da região, do bairro, da nossa casa e nossa família.

Temos de refletir, meditar, filosofar, mas sem o jeito afetado das masturbações filosóficas sem sentido, que se caracterizam por citações de grandes mestres e defesa de credos religiosos, dogmas, doutrinas e crenças pessoais. A verdade nunca se impõe, mas sempre se submete.

A verdade é passiva, doce, benevolente, mansa, serena, universal.

Se a sua “verdade pessoal” (se é que isso existe), difere da verdade universal (e única), então é mentira (bem elaborada). Filosofar é sentir-se parte do todo e perceber que cada espirro afeta a harmonia do planeta e interfere na situação de um bairro, cidade ou país. Cada pequeno gesto tem implicações amplas, mesmo que você e os demais à sua volta não percebam isso, claramente.

O planeta só consegue sustentar a vida à custa do equilíbrio dos elementos que o compõem. Esse equilíbrio, para ser mantido, exige que preservemos alguma harmonia social, que se tornará realidade quando cada um de nós tiver consciência da própria importância em todo o processo e agir de acordo.

nuno andrada
Enviado por nuno andrada em 03/01/2016
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