O clamor do pobre e o inevitável corte do Bolsa Família

Lemos, com muita indignação e tristeza, uma matéria recém divulgada, noticiando um corte de mais de 10 bilhões do Bolsa Família que será feito pelo Governo Federal.

Com este artigo, não pretendemos entrar no mérito da questão: se foi correto ou não o Governo haver implantado o benefício do Bolsa Família anos atrás.

Temos nossa opinião formada acerca do tema, mas não pretendemos propagá-la, senão fugimos do cerne da questão ora formulada.

No entanto, diante das cenas mais tristes e terríveis que temos presenciado nos últimos meses, onde assistimos uma nação pesarosa, um povo cabisbaixo, vemos mesas com falta de alimentos básicos, pais transferindo seus filhos para escolas públicas, donos e donas de casa desempregados, jovens que perderam a chance de cursarem um curso profissionalizante, dentre outros aspectos, tomamos ciência do inevitável corte orçamentário anunciado pelo Governo Federal e ficamos estupefatos. Leia a matéria aqui

Bem sabemos que a ‘maré não está pra peixe’, e que o Brasil realmente está atravessando um momento extremamente delicado. No entanto, entendemos não ser correto nem oportuno o referido corte neste momento tão tenebroso experimentado por milhares de brasileiros.

Mesmo sendo solidários à causa governamental, entendemos que mexer mais uma vez nos bolsos dos que estão mais necessitados e vulneráveis, não é, nem de longe, uma decisão acertada.

O povo está sofrendo.

Assistir em lentes humanas o choro e desespero dos veteranos pobres e também dos ‘novos pobres’, não está sendo nada fácil.

É tempo de reacerto, tempo de ouvir um pouco mais o clamor da sociedade e não de mexer no pão, já fragmentado, da população menos abastada.

A vontade que nos dá é de fugir, voar, partir, buscar novos hotizontes, mas o sangue brasileiro nos ordena a perseverar mais um pouquinho.

Assim, sabendo que somos apenas uma voz que clama no deserto e que nossas considerações são de nenhuma serventia, lembramos da música do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, que diz:

“Enquanto a minha vaquinha tiver o coro e o osso e puder com um chocoalho pendurado no pescoço, eu vou ficando por aqui, que Deus do céu nos ajude, quem sai da terra natal em outro canto não para. Só deixo o meu Cariri no último pau-de-arara”